COMPRANDO R$ 20,00 POR R$ 40,00
Idos de 1996/97
Bairro da Vila Leopoldina, Capital, São Paulo precisamente na Avenida Mofarrej, o número esqueci, mas não fará diferença.
Na época um bairro com muitas indústrias metalúrgicas, as ruas fervilhavam de operários, principalmente na hora do almoço, muitas barraquinhas e bares.
Mas vamos ao fato
Uma manha qualquer de um dia qualquer, um colega de profissão e atuando na mesma empresa aproxima-se de mim e diz:
- Olha tem a funcionária “Y” que está precisando de vinte reais emprestados e pediu-me para falar com você, ela disse que no dia do vale lhe devolverá a quantia exata e que pode confiar.
Olhei-o nos olhos e retruque, “fulano desculpe-me, mas para ela não empresto, pois sei por outras pessoas que a mesma não cumpre com seus compromissos assumidos.
Novamente ele volta à carga pedindo o dinheiro e garantindo que ela pagaria, mas quando me viu irredutível falou:
- Tudo bem então você emprestaria os vintes reais a mim e eu passo a ela e resolvo a situação, pois, ela muito amiga minha.
Bem neste caso eu estarei emprestando a você e não a ela é isso que está propondo?
Sim exato, mas eu pedirei a ela no dia vir entregar o dinheiro a você sem problema algum.
Tudo bem, então se está dando tua palavra é com você que estou negociando e ela nada tem a haver com este empréstimo!
Combinado!
Peguei na carteira os vinte reais e emprestei a ele, que imediatamente saiu de minha presença para levar os vinte reais a pessoa que pedira.
Passado o prazo combinado e nada do fulano devolver-me os vinte reais e antes de terminar o expediente o abordei e perguntei sobre a dívida no que me retorquiu:
Amanha falo com ela pego o dinheiro e lhe devolvo, no dia seguinte... Nada!
Para encurtar no segundo e terceiro mês fiz as cobranças e... Nada!
Não mais cobrei, até que chegou o dia anterior há completar um ano.
Conversei com um confeiteiro para fazer-me um bolo no formato de uma nota de vinte reais, e perguntei quanto ficaria para fazer a encomenda para o dia seguinte, dia do aniversario da dívida, a resposta dele foi:
- Vinte reais!
Combinado!
No dia seguinte o confeiteiro vem e entrega-me o bolo em uma bandeja de inox pequena, no tamanho do bolo de aproximadamente um quilo.
Mando um colega em comum levar o bolo para o devedor, este surpreso e sem saber o que estava acontecendo vem me perguntar o porquê do bolo?
Bem, disse-lhe eu, hoje está fazendo um ano que você está me devendo vinte reais lembra-se, o trato era entre mim e você e a “sicrana” não tem nada com isso.
Todo desconcertado saiu da sala e foi para a dele, uns cinco minutos depois chega com os vinte reais na mão e me entrega.
Eu lhe pergunto sobre a bandeja do bolo para eu devolver ao confeiteiro e ele me fala:
-Joguei-a com o bolo e tudo na caçamba de sucata!
Vou atrás do confeiteiro e lhe explico que não tenho como lhe devolver a bandeja, diz ele sem problema algum. Tiro os vinte reais do bolso e lhe entrego, Cobre o prejuízo da bandeja?
Ele sorri e aceita
Assim para cobrar uma divida de vinte reais paguei quarenta reais com muito gosto e sorrisos no rosto.
Vez ou outra me lembro da cena e dou risadas sozinho como estou fazendo neste instante!
É sempre bom relembrar as boas coisas da vida!
Ah! Fulano? Nunca mais falou comigo!