A rua dos caixotes.

A Rua dos caixotes , assim era chamada

nela acumulava os caixotes da feira,

ali ficavam, um em cima do outro

trazendo uma característica naquele lugar.

As crianças brincavam fazendo esconderijo

dizendo que havia uma "tropa" imaginária

que teriam que enfrentar em uma luta a qualquer momento.

Tempo que não tinha o perigo do tráfico

mas para não dizer que era totalmente inocente

jovens se juntavam para fumar escondido

um cigarro da propaganda da moda

o "Malboro" ou "Hollywood" havia também o sofisticado "Hilton"

(era chic fumar).

Tinha a "pelada " de rua onde obviamente usava-se os tais caixotes para delimitar o gol.

O Bar do Gentil era um lugar de jogar dama

em animadas disputas valendo umas moedas.

Paralela a rua dos caixotes havia uma Avenida

onde morava a menina mais linda do Bairro

Cristina tinha cabelos longos, lisos e os olhos do mais belo verde que poderia existir. Todos sonhavam tê-la nos braços

mas sua beleza era tamanha que causava timidez nos meninos da região. Assim ela acabou mais tarde se casando com o cardiologista do pai. Ele, muito mais velho que ela e feio de doer, mas tinha um Maverick vermelho. A Rua dos caixotes era onde moravam vários feirantes, que despertavam as quatro horas da manhã para carregar os caminhões de frutas e verduras para a feira, que cada dia da semana era em um lugar diferente. O domingo era na Vila onde mais se vendia, segunda feira era descanso, e na quarta feira era na rua 60, que todos os feirantes diziam que vendia menos, dando o nome de "água barrenta". Assim diziam devido ao escasso movimento. Quando vendia muito, geralmente no domingo, meu pai dava um dinheiro extra aos ajudantes. Quando indagava porque? Ele dizia:

- Jogador de futebol não ganha "bicho" por vitória? Então como foram boas as vendas eu distribuo um pouco do lucro.

Meu pai tinha essas idéias adiante do seu tempo.

Hoje o bairro onde é a Rua dos caixotes foi o que menos se desenvolveu.

Ainda existem casas muito simples.

Apenas os caixotes não estão mais ali.

Os feirantes também já se foram, mas a Cristina agora mora no Bairro mais rico da cidade...