PESCARIAS COM ZIO JOANIN

Dei fratelli di mio nonno Natal, zio Joanin era disparado o mais legal - pelo menos eu achava. Quanto a zio Bepi...era um brav’uomo, ma arrabbiato que só ele, dava bronca por qualquer piccola cosa na gurizada della nostra famiglia.

Nas pescarias, mi piaceva stare vicino a Joanin, que sempre me colocava nel punto migliore do pesqueiro e me dava preziosi consigli pra fisgar os lambaris. Ele usava uma isca incrível para atrair os peixes, só que um tanto quanto nojenta, por isso nem me perguntem qual era..!

A verdade é que ele gostava de mim, e me repassava i segreti dei pescatori. Quatro desses segredos eu posso contar: ceva feita com farelo de bolacha maria; silenzio assoluto; reverência com o rio; e pochissima agitazione. Em matéria de pescaria ele sapeva tutto e um pó di più, sendo considerado pela Esmanhottada como o “rei dos lambaris”. Não perdia beliscada, e conseguia como ninguém tirar os peixinhos do sério, só para ver la bacchetta di bambù vergar pra valer. Todos os sons da natureza – dai minoscoli grilli ai grandi uccelli rumorosi - deveriam ecoar absolutos e receber de nossa parte il meritato apprezzamento. Ele me ensinou que pescaria bem sucedida não era fisgar muitos peixes, ma soprattutto apreciar o magnífico espetáculo messo in scena pela natureza. E nelle rare ocasione em que não conseguíamos puxar os lambaris fuori dall’acqua, zio Joanin minimizava a desdita e zombava: _“Oggi i pesci hanno mal di denti..!”.

In un’occasione, à beira do Rio Iraí - que cruza a estrada de Curitiba a Piraquara – estávamos fazendo uma ótima pescaria, numa curva do rio oculta pela mata ciliar. Um lambari doppo l’altro, só “chinelões de rabo-vermelho”, como diziam naquela época. Lavorando in silenzio, nos comunicávamos somente por rápidos olhares e brevi parole, quando um dos dois fisgava um peixe mais graúdo.

Pelas quatro da tarde, apareceu o Beppi berrando: _”Joanin..! Joanin..! Joanin..! Andiamo presto porca pipa, que tá na hora, já tamo indo embora..!”. Gritava bem perto de nós, por detrás da mata, mas sem saber onde estávamos, ou se podíamos escutá-lo. Repetiu várias vezes seus apelos. Zio Joanin olhava pra mim achando graça, e com o indicador sobre os lábios fazia psiu, sem responder absolutamente nada. Eu tinha apenas uns oito ou nove anos, mas pude perceber che lui non era minimamente interessato a finire la pesca com quell’enorme quantità de lambaris dando mole ali na nossa frente, quase que implorando para serem iscados.

Cansado di chiamare e di gridare, zio Bepi desistiu. Sentou-se no chão e retirou uma minuscola bottiglia de cachaça do bolso do paletó – il suo compagno inseparabile em todas as pescarias. A rolha fez ‘tuc’ quando se desprendeu do gargalo, e o Joanin ouviu o barulhinho da rolha. Então se empolgou todo e ha rinunciato ai punti. Deu um pulo pra ficar em pé, e por detrás da mata perguntou depressinha:

_”Tem pinga aí, Bepi..?”

Hehehehe, apesar de não ser dado ao álcool, non ha perso l’occasionne di regalare um belo trago pra espantar o baita frio que descia impiedoso a quella fine del pomeriggio nella nostra amata Curitiba. De minha parte, só restou um profundo lamento per la chiusura prematura de tão farta pescaria.

Zio Joanin...quem diria...desprezou um cardumaço de enormes lambaris só per scaldarsi il petto com uma bitruca._”Porca la miseria, zio...vá ser friorento assim lá em Belluno..!

(Marco Esmanhotto)

Marco Esmanhotto
Enviado por Marco Esmanhotto em 03/02/2021
Reeditado em 03/02/2021
Código do texto: T7175703
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