Adoção

Essa palavra adoção compreende um sentimento que se dissipa no mundo como uma fonte de riqueza para as pessoas, seja para quem adota ou para quem é adotado.

Muitas pessoas, muitas plantas, muitos animais que vivem neste mundo perverso, marcado por diferenças sociais e pela grande competitividade no mundo econômico, são deixados para trás e se perdem no caminho, não conseguindo alcançar mais o ritmo da vida, aí só restará a solidão embalada por dias sem esperanças, largados ao relento, sem teto, sem carinho, sem amor, sem aconchego, sem rumo, sem esperança e muitas vezes só restando esperar o fim...

Isso não é ficção. Isso é realidade. Infelizmente esses seres perdidos são encontrados constantemente nas calçadas, nos abrigos, nos asilos, nos hospitais, nos lares desarmônicos, nas prisões, enfim em todo lugar onde há lágrimas e tristeza. Esse cenário mostra o calvário que certos seres vivos são submetidos e que a nossa sociedade precisa enxergar com maior preocupação, considerando que é desumano admitir que uma pessoa possa viver sozinha, sem amparo, principalmente em tenra idade.

Dentro dessa ótica de que as pessoas não podem viver sozinhas, acredito que seja hora de todos, indistintamente, estabelecermos uma ordem de prioridade nessa questão da adoção. Tudo é uma questão de prioridade. Não adianta adotar um animalzinho que está só, deixando uma criança sem lar e por conta do seu destino. Não adianta também cuidar de uma árvore ou de uma flor antes de distribuir um pão para quem passa fome. Sinto-me o último dos homens diante do contexto de humanização, quando vejo uma senhora (daquelas chamadas “madame”) carregando em seu veículo de última geração um cãozinho asseado e bem tratado, enquanto na rua anda uma criança pedindo esmola e passando fome. O cãozinho não pode ser abandonado ou negado o tratamento nobre; isso pode acontecer, no entanto, seria interessante que essa mesma pessoa desse tratamento especial também para a criança, ao menos colocando à sua mão um prato de comida.

A nossa lei brasileira no que se refere à adoção tem contribuído para que inocentes sejam adotados por pessoas de bom coração e possam ter um futuro saudável, no entanto, as questões estruturais e procedimentais muitas vezes atrapalham um pouco, mas tudo se ajeita quando queremos adotar, até pelo jeitinho brasileiro, tanto que nossos costumes têm feito o Juizado da Infância e da Juventude reconhecer a denominada “adoção brasileira”, quando alguém foge do procedimento judicial e registra uma criança com a finalidade de protegê-la como filha própria.

Muitas vezes para poderem ter um filho natural, alguns casais ficam à espera durante anos e anos, ingressando em tratamentos agressivos à base de hormônios etc. e em nenhum momento pensam que podem ter um filho sem recorrer a esses métodos científicos, bastando que adotem uma criança. Aliás, a história médica demonstra que quando a mãe sai do estresse da infertilidade, havendo um relaxamento emocional, pode alcançar a fertilidade. Eu mesmo, tive um exemplo dessa grandeza, eis que minha esposa encontrou problema de infertilidade, mas a adoção de minha filha serviu para que alguns anos depois o seu organismo saísse desse travamento e aí nasceu meu filho.

Em todo caso, não são todas as pessoas que estão disponíveis ou que podem ingressar nessa vanguarda de adoção, umas por absoluta impossibilidade financeira, outras por questões pessoais, mas o importante é que mesmo não tendo nenhuma condição do adotar, possam de alguma forma contribuir com esse processo, prestando solidariedade a quem adota ou se aproximando das pessoas carentes para prestar-lhes apoio no que for necessário.

Existem muitos excluídos no Brasil, mas a partir do momento em que todos nós quisermos dar nossa contribuição, essas desigualdades tendem a se amenizar.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 31/10/2007
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