Pequenas histórias 226
No fundo da lágrima
No fundo da lágrima descobriu um cristal brilhando a luz dos olhos. Ao ser tocado, os cristais se esfarelaram compungindo sua alma. Foi então que percebeu que estava sentindo a própria lágrima escorrendo pelo rosto amado.
Fechou os olhos. Procurou a solidão escura dos apaixonados. Deitou o corpo no fundo da lágrima partida em cristais e, abraçou o mundo do teu corpo como se fosse único e último momento de alegria a invadir a alma grata e feliz.
Num instante delicado de nostalgia, conseguiu apanhar um pedaço do cristal luzidio de azul, medroso de não ter mais o que sempre teve. Guardou o cristal dentro do peito sangrando lágrimas manchando o poente vermelho.
Abraçou o nada, teve o tudo num relâmpago de saudade bipartida na grandeza da alma dirigida ao nada dos nossos corpos ungidos num só.
Fez-se o paraíso levando-os à Terra do Nunca.