“Biografia”* (25/01/2021)
Dr. Ivanes morreu em decorrência da Covid-19 ou morreu de desgosto? As últimas vezes que o encontrei foi solitário, calado, sorumbático. O plano da reeleição ficou pelo caminho. Não digo que foi usado, mas atropelado pelo sistema. E o sistema é bruto. Sequer veio passar a faixa para o seu sucessor. Já estava enfermo. Debilitado. Cansado... – Mas, foi correto. Vestiu-se do personagem, arregaçou as mangas... - Foi antipático, impopular, austero, controlador, disse mais não do que sim... - Porém, cumpriu o acordo, reitero. Não se deu ao direito de desistir. Não falo de arrependimento, antes em compromisso. E expôs-se à derrota pessoal por um projeto político. O que ninguém imaginava era esse trágico e infeliz desfecho. Se é verdade que a politica é um jogo de cartas marcadas, qual seria o trunfo de Ivanes? O que lhes fora prometido? Estancar a sangria de uma prefeitura que agonizava foi sua grande virtude. Conseguiu. E conseguiu adoecer. Mas, “a queda não cancela a gloria de ter subido”. Só que a ambição de Ivanes parecia ser a ambição de terminar. E o que o fez dedicar-se tanto a interinidade? Foi justamente isso... Descansar.. Que a consciência seja sua principal testemunha. Ivanes é a “Biografia” que Mario Quintana descreve assim: “Era um grande nome - ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele”. E essa é também a sina de todos nós: homens e meninos.