O ESCUDO
Vivia me perguntando o que poderia nos proteger em momentos de aflição. A vida se mostra tão complexa, às vezes. Todo dia o poder da decisão aparenta estar ao nosso alcance. Entretanto, creio que decidir seja uma tarefa árdua em demasia. Nesse momento especial, podemos estar desprotegidos, praticamente nus.
Quão desesperador nos é, entender de muita coisa e perceber que na verdade não entendemos de absolutamente nada. Chega a ser engraçado vivenciarmos a nossa tragédia noturna em cada oração feita aos deuses construtores do nosso escudo. Talvez, estar sozinho seja o maior dos escudos, as mais poéticas das proteções.
Em cada esquina corremos o sério risco de não nos entendermos como resultado de nós mesmos, e, por consequência, nos atrevermos iludir a alma acomodada em nosso frágil corpo. Por outro lado, volto a sentir certa insipidez de outrora, e com isso, chego ao auge da conclusão: nunca estivemos protegidos de fato.