Deslocado.

das verdades que ouvi entendi que todas são confusas e não se alteram quando o refrão aumenta.se tudo que preciso sou eu mesmo então não me tenho por nem saber onde estou nas ruas da capital que você mora e que mantém.

na memória do teu jeito certeiro que encanta até as vezes que não me encantei com o canto dos pássaros que você tem em casa.

sozinho é como passei grande parte da vida mas uma vez te perguntei qual era meu dom e você disse que seria escrever então me passou aquele guardanapo onde te perguntei as perguntas que você guarda.

espero que você se cure daquilo que não me disse na terça-feira passada porque o barulho do mundo era alto demais e não te escutei.

pequeno.

grande.

diferença de ritmos que não se acabam.

saber das coisas me mantém em um ciclo vicioso de me fazer repetir palavras. não sei.

um dois três é teu compasso eu contei, eu te contei.

Saramago não me entendeu e nem entenderia porque a falta de vírgulas dele me fez te ver através do vidro embaçado e você me encarava como quem se encara mas como posso ser você se nem sei quem você é e o que formamos quando nossos atritos se atritam na física que criamos.

respiro fundo antes desse parágrafo não porque sei como escrevê-lo mas porque você fechou a janela e me sinto abafado aqui dentro.

não estou em casa, estou dentro de mim

e é escuro.