Sombras.

silêncio.

meu ego que me mantém no topo agora me joga pros lados enquanto sinto as paredes me empurrando pro meio do lago.

eu quero ser tantas coisas que já sou, onde me é difícil dizer o fim o começo e o fim.

sempre uso essa palavra quando me refiro as sensações mas a verdade é que tenho andado escutando demais e falando de menos aquilo que quero ser, aquilo que quero fazer.

se as sombras que me rondam me querem por completo entendo porque ficar aqui nessa cama me é tão convidativo como se elas me mandassem um convite com endereço e destinatário perfeito, me chamando para um jantar que nunca acaba.

o vinho que tomamos e aquilo que dividimos é tão completo quanto os acordes da sua guitarra bem ensaiada.

se minhas costas falassem elas diriam tudo aquilo que escuta por trás de mim e todas as vezes que me julgo e me chamo no canto para entender que na verdade não entendo nada.

se demoro a começar é porque tenho uma lista de coisas a seguir mas ainda nem escrevi o título.

os pulmões fazem um trabalho descomunal todas as vezes que encaro essas partes ruins de mim, eles trabalham para que eu mantenha a cabeça erguida e não deite nos braços de uma cruz que me crucifica e me leva pro buraco que conhecemos tão bem.

se ninguém disse pra elas que o voo seria difícil já aviso que a estadia no topo também não é agradável.

lidar com o fato de que elas são partes de mim nunca me conteve em números ou estatísticas mas no final todos seremos uma e gostaria muito de ser daquelas em que se mantém a linha correta e reta com curvas que não se curvam porque tenho vertigem todas as vezes que mudamos o ritmo.

não deixo elas falarem porque tenho medo do que irá sair, mas mantê-las aqui se torna mais difícil a cada dia.

não me deixe brilhar.

eu não saberei me achar depois.