As boas oportunidades que surgem na vida
Com o início do ano, é hora de pensar nas boas oportunidades que aparecem. Sim, o mundo se transforma! Essas coisas me deixam apreensivo, de qualquer jeito, nada será como antes. Basta observar o que acontece com o mercado de trabalho: novas profissões, novas habilidades requisitadas, novas competências valorizadas.
Vejam esta notícia que li nos jornais: um projeto de lei foi apresentado ao Senado para garantir aos vendedores ambulantes o acesso a ônibus e trens urbanos para comercializarem seus produtos no interior dos veículos. Que beleza! O problema é que, se as coisas continuarem na toada em que vão, teremos mais vendedores do que passageiros… Mas é válido, são os representantes do povo pensando em saídas para a crise.
Falando em oportunidades, ontem um amigo meu disse que ia de carro até a casa da namorada. Espantei: “Como assim? Você não tem carro, sempre andou de ônibus!” Ele me explicou que era mais barato ir de “aplicativo” do que de coletivo. Sozinho no carro, no banco de trás, feito um bacana, era muito melhor! E profetizou: “os ônibus vão desaparecer”. É verdade que outros problemas hão de surgir: piora no trânsito, motoristas mal-remunerados, irritados, etc. Fiquei preocupado com os vendedores prestes a terem autorização para comercializar seus produtos nos ônibus: poderão entrar nos veículos dos “aplicativos” também?
Dobrei a esquina e fui abordado por um vendedor ambulante. Vendia caixinhas de som. Ele me explicou que eram capazes de funcionar por oito horas ininterruptas, além de terem milhares de músicas inseridas no troço. Que potência! E tinha mais: dava para selecionar o som de vários instrumentos e montar uma orquestra virtual, uma banda ou um grupo de pagode. Com isso, era possível ir a um lugar qualquer, a uma praça, a um estádio ou ao boteco, e dar um show. Bastava inventar uma coreografia, uma dancinha e aguardar o faturamento. Um luxo! Fiquei imaginando o fulano na esquina da minha casa à noite, com sua caixinha de som… Um terror! Enfim, novos tempos.
Continuei andando, cabisbaixo, e nem percebi quando fui abordado por um cara que queria me vender um jogo de ferramentas completo. Pensei: o que faria com aquilo? Hoje em dia, é só entrar na internet e se compra de tudo. Mas o lance era um código que me garantiria um desconto extraordinário no melhor curso de programação neurolinguística do mercado. Eu aprenderia inglês em duas semanas e poderia falar com o Putin, com a Angela Merkel ou com o Rei das Arábias, se quisesse! Tentador, mas recusei. Eu não tinha nada para conversar com o Rei das Arábias.
No ponto de ônibus, encontrei um conhecido, o Genésio. Contou-me que sua nova empreitada consistia em vender máscaras, testes para Covid e até vacinas. Perguntou se eu não estava interessado… Pois é, ele que vá oferecer ao governo!