O Vizinho
Davi andava ansioso e muito preocupado com seu casamento. Durante a quarentena, observou que sua esposa já não era mais a mesma com ele, e que o relacionamento andava estremecido. As rusgas foram se transformando em fendas, após um período de confinamento longo e sem intervalos.
Certo dia, ao ir buscar a correspondência no hall do prédio, encontrou com seu novo vizinho, André. Recém-chegado ao edifício, André parecia ser boa gente, distribuindo sorrisos e um tratamento cordial a quem encontrasse. Talvez até com sua esposa; preocupou-se.
O porteiro se encantou por André, o zelador também, então Davi pensou: "será que minha mulher já viu essa figura?".
Davi estava inseguro. Fez mentalmente umas contas e deduziu que a frieza de sua mulher coincidia com a chegada do novo vizinho. "Afinal o cara é boa pinta, simpático e com um porte físico invejável" - pensava Davi consigo mesmo, ao olhar com tristeza para a barriga protuberante frente ao espelho.
As semanas se passaram como o vento, bem como o casamento de Davi voava pela janela. Então, após dois meses de tortura psicológica e munido de uma coragem que não julgava possuir, Davi tocou a campainha do vizinho.
- Oi, bom dia, meu nome é Davi. Podemos conversar? Cerca de três horas depois, Davi retornou ao seu apartamento com um sorriso indecifrável no canto da boca e um brilho diferente no olhar.
Márcia, sua esposa, sabia da insatisfação de seu marido, mas não julgava que este pudesse tomar medidas extremas. Ledo engano.
- O quê você fez Davi? Que sorriso estranho é esse em seu rosto?
- Nada de mais, só resolvi o problema do nosso casamento. Tô indo morar com André.
Fim
por: Rose Paz
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