Oásis da Caatinga
Oásis da Caatinga
Neste domingo, vivi um dia muito diferente de minha rotina. Acordei cedo, mas não por isso, pois todos os dias costumo sair cedo para trabalhar; neste dia foi para fazer um passeio a convite de uns amigos. Horário combinado anteriormente: 07h00min h da manhã para saída da turma, que pensei ser maior, mas limitou-se a quatro carros, somando onze pessoas. Bagagem recomendada: alegria e o coração preparado para extasiantes emoções.
Como bons e pontuais cidadãos, saímos por volta de 08h00min h, após a espera de alguns companheiros que ali não chegaram e foi tomada a decisão de partir assim mesmo, pois os celulares de grande parte das pessoas já não são atendidos e domingo cedo, muito pior. Saímos em caravana. Gosto de participar de viagens assim, porque as pessoas se envolvem e se tornam companheiras; compartilhando de tudo, principalmente na alegria, nos sorrisos, no bom papo, e sem falar nos “comes e bebes”, que para mim, fica só nas guloseimas, porque não costumo beber.
O passeio destinado ao balneário natural, chamado “Poço Feio”, após a cidade de Governador Dix-Sept Rosado, um verdadeiro rally, entre trilhas complicadas, estradas carroçáveis, de muito ruim acesso, onde se pode observar o quanto àquela região se encontra seca nessa época do ano; sua vegetação totalmente queimada pelo sol, que nem folhagem contém, somente galhos retorcidos, como se toda àquela vegetação estivesse morta, mas sabemos o quanto é resistente esse tipo de vegetação – a caatinga – que com apenas algumas chuvas voltam a ficar verdejantes. E assim também acontece com nossa gente, tão sofrida e resistente..
Depois de muito desviar pedregulhos aqui, crateras acolá, terra fofa, - onde a poeira subia como uma nuvem amarelada – pensava ter chegado ao tão esperado destino, mas quando descemos dos veículos, o amigo que estava nos guiando – uma figura e tanto – daqueles que transpira alegria, repentista de primeira ordem, de ótimo humor, nos informa que haveríamos de descer a pé, uma ribanceira, e dava mais ou menos uns trezentos metros, distância pequena para solo plano, mas aquela a qual enfrentaríamos era íngreme, e todos tinham uma bagagem considerável a conduzir e tornava-se mais difícil. Olhamos para ele como se estivéssemos a perguntar-lhe se ele estava maluco; não havia falado nada daquelas dificuldades, apenas o quanto era maravilhoso aquele passeio. Caímos em gostosas gargalhadas. Estacionamos os carros, retiramos os pertences e começamos a caminhada em busca do oásis sonhado.
A caminhada lenta e cuidadosa, porque um descuido ali, o camarada rolaria até embaixo. Depois de uns quinze minutos, chegamos ao local. A vegetação já havia se transformado, agora próximo ao leito do rio, surgiam frondosas oiticicas, onde escolhemos uma para ser nosso acampamento. Ali, nos instalamos: com redes para um repouso ao natural, churrasqueira, banquetas, entre outros acessórios de mais fácil condução, para tornar mais confortável aquele espaço rústico.
Chegada à hora de conhecer o principal atrativo do lugar, a área de banho, ou seja, o olho d’água dentro de uma gigantesca gruta, onde a água cristalina descia naturalmente, formando do lado de fora uma piscina natural e corrente, que deságua no rio. Naquele momento em que nossos olhos puderam penetrar naquele presente da natureza, tão rico e belo, vimos o quanto valeu à pena todas as dificuldades enfrentadas para chegar até ali. E que, depois de conhecê-lo, não lembraríamos de mais nada além do esplendor daquilo tudo. Estava explicado porque nada havia sido dito pelo nosso “amigo guia”. E em toda sua rusticidade não conseguimos entender o porquê do nome “Poço feio”, se tudo que enxergávamos era a mais pura beleza ali exposta e pronta para oferecer total prazer aos que ali chegavam.
Eu particularmente, em agradecimento, resolvi chamá-lo de “Oásis da Caatinga” e pretendo lá voltar. Na próxima vez, com mais tempo e com outros amantes da natureza para se deleitar com tamanha beleza.