Caminhada
Segundo uma pesquisa do IBGE a maioria da população brasileira é sedentária a partir da adolescência, e 47,5 % dos envolvidos são mulheres. Realizei uma pesquisa no Google hoje, por interesse e pela curiosidade para começar a escrever este texto. É que hoje precisei caminhar até o trabalho, acordei cedo e o pneu da moto estava furado, sem tempo de levar à borracharia, sai com a mochila nas costas, pelas ruas ainda desertas, num dia frio prevendo o inverno tão esperado no Nordeste. Sai caminhado vagarosamente, imposto pela sequela pós-acidente automobilístico, e segui o caminho admirando as mangueiras com frutas caídas nas calçadas, florindo. Senti o perfume da manhã, respirei profundo, apesar do uso da máscara.
Caminhei como se eu pudesse voltar à condição física de dez, quinze anos longe dos exercícios.
Durante a caminhada de no máximo 20 minutos de distancia entre o trabalho e minha casa eu já estava quase me sentindo saudável e lembrei quantas vezes caminhei nas ruas da cidade inteira, a visitar um amigo, para ir ao trabalho, ou à escola, para ir à feira. Sempre a caminhar livre, leve, e feliz. Quantas vezes eu andei por estas ruas e parei pra cumprimentar um amigo, para conversar coisas sem importância, entrava numa casa para abrigar-me da chuva que caía.
Durante meu trajeto, incomodou-me o peso da mochila nas costas e a dor no peito. Meu coração estaria tão fraco que não suportasse andar 10 minutos?
Quantos morrem de infarto por causa do sedentarismo? Por achar cômodo ir de veiculo motorizado para o trabalho, para um passeio?
Quantas pessoas deixaram de dar bom dia aos vizinhos, às pessoas da rua, por estarem presos no veículo?
Ao caminhar, pensei em mudar a minha prática, comprar um tênis confortável e voltar a andar, mesmo com minha limitação física. Talvez eu não emagreça, não diminua o sobrepeso, não me torne fitness e faça pouco para reduzir os altos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue, talvez mal ande, mas ainda assim a caminhada me faria livre. Eu só queria voltar a ser jovem outra vez, sem sequela alguma para correr, caminhar, e viver, até quando não sei.
Paula Belmino