NAS VEIAS DO ESCRITOR

Escrever desnuda a alma, pele após pele, chão após chão. Cada palavra evocada deixa os anjos em polvorosa, pois se está entrando nos seus reinados sem pedir licença. Todo escritor tem salvo-conduto pra matar, trucidar, ressuscitar, abençoar e imantar o que bem quiser através da simbiose das suas frases. Quem escreve despreza sua origem, sua matiz, suas pegadas, pois se torna o mentor do universo e, ao mesmo tempo, se faz mais insignificante do que um grão de areia qualquer. O escritor se unta de demência e lucidez plenas pra revoar nas suas divagações, pra aglutinar cada fiapo de sentimentos que forem extraídos sabe lá de onde. Nas veias do escritor se abrigam os suores de Deus na sua mais inebriante poção. Enquanto houver gente juntando letras numa simbiose ensurdecedora, sobreviverá a raça humana com seu estopim mais belo, com seu galopar mais ecoado, com seu sonhar mais sonhado.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 24/01/2021
Reeditado em 24/01/2021
Código do texto: T7167652
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