Uma questão de sobrevivência
Tenho o privilégio de estar em contato diário com bichos e plantas, mesmo morando na cidade. O gosto pela natureza é compartilhado aqui em casa. Eu e minha mulher divergimos apenas em questões irrelevantes. Por exemplo, ela gosta muito de cactos. Gosta de uma infinidade de plantinhas pequenas, daquelas que só se mostram bonitas quando vistas bem de perto, e exigem cuidados especializados. Prefiro plantas bonitas grandes, hibisco, pinheiro. E as frutíferas. Tenho preferência por manga, jabuticaba, romã, acerola. Se tivesse mais espaço teria um abacateiro.
Entre os bichos que causam minha admiração, estão os saguis, que eu chamo de macaquinhos. São exímios mímicos no rápido e constante movimento de cabeça. Alguns se aproximam da gente como se fossem animais domésticos, na certa esperando comida. Às vezes, um deles aparece na janela e fica curioso olhando para dentro da casa. Já vi um deles no chão do quarto, pulando de encontro ao espelho do guarda-roupa, desorientado ou eufórico com a própria imagem. Os filhotes pequenos ficam agarrados nas costas da mãe, do pai ou do tio (a gente acaba conhecendo a família toda). São animais tão interessantes que evito pensar ou questionar se são transmissores de doenças.
Entre os bichos que causam minha admiração, estão os saguis, que eu chamo de macaquinhos. São exímios mímicos no rápido e constante movimento de cabeça. Alguns se aproximam da gente como se fossem animais domésticos, na certa esperando comida. Às vezes, um deles aparece na janela e fica curioso olhando para dentro da casa. Já vi um deles no chão do quarto, pulando de encontro ao espelho do guarda-roupa, desorientado ou eufórico com a própria imagem. Os filhotes pequenos ficam agarrados nas costas da mãe, do pai ou do tio (a gente acaba conhecendo a família toda). São animais tão interessantes que evito pensar ou questionar se são transmissores de doenças.
Até bem pouco tempo eles eram os meus bichos favoritos no quintal. Agora perderam o primeiro lugar. Está abalada a simpatia que eu tinha em relação a eles. É que, um dia, observando suas macaquices, percebi que um deles fugia do grupo, parecia defender alguma coisa que comia. De repente, vejo surgir ao seu redor uma nuvem de penas flutuando no espaço. Pois é.
Essas questões filosóficas e ecológicas de cadeia alimentar me causam um profundo pessimismo. Diante desse acontecimento passei a entender o motivo pelo qual os passarinhos atacam os saguis que se aproximam de seus ninhos. Triste, mas é verdade. A vida é um salve-se quem puder. E nós, os humanos, não somos muito diferentes quando se trata de sobrevivência.