Proibido
Já não sinto saudade de quando fui ousada, gosto da mulher que me tornei ... Não sou omissa, quando sei que a causa pede a minha fala ou até o meu grito, reajo, se for extremo, mas já enfrentei tantas coisas nessa vida, que busco mesmo é a calmaria, procuro sempre saber onde estou pisando, não sou de discutir os fatos polêmicos para os quais não tenho a solução, fujo disso, não sou a espada do mundo, aprendi com a vida, parto do princípio que caí de pára-quedas nesse tempo onde quase nada do que sonho, por aqui me identifico, o mundo das minhas fantasias é muito mais bonito. Não sou de falar quando é preciso em silêncio seguir somente, saio muitas vezes sem sequer olhar ou me fazer entender. As atitudes vão dizer da sua dignidade ou não, mas a falta dela não vale uma condenação, desde quando existe a palavra perdão. Há tanta dor na humanidade, tantas mágoas nos corações, e outros tão cheios de verdades, difícil de combater, o melhor mesmo é esquecer, e quantas palavras frias ferindo inocentes, repito; tantos juízes, tantos jurados, anulando as testemunhas, sem lembrar que a dor não é uma impressão, cada um sabe de si, que ainda podemos em silêncio escutar a voz da razão e encolhermos os nossos dedos que tanto apontam. O meu confessionário é sempre o mar, sentada diante dele, enfiando os meus pés na areia, me revigoro, eu não sei dos outros, mas posso sentir que a minha vida vale muito a pena cada ano, cada mês, cada dia, cada hora, cada riso, cada lágrima, cada sonho infinito tanto quanto os incontáveis grãos de areia. Para mim, a única coisa proibida mesmo, é deixar de sonhar, deixar de amar, amar sem pensar no amanhã, sem me preocupar se o sonho se realizará, afinal qual o sentido dessa vida se você não aprender as lições? Sentir a alegria de viver, buscar as coisas simples, não é tolice, é um degrau à mais para a plenitude e cada um sabe como definir a sua incompletude.
Liduina do Nascimento
Liduina do Nascimento