A MÁSCARA DO DESESPERO FORJADO. ("Arrancar a máscara, que livramento!" — Victor Hugo)
Estando eu pela praça da matriz em Senador Canedo, entro, meio indeciso, na fila para comprar o almoço de três reais do restaurante popular. Depois de dez minutos, cheguei à boca do caixa. Com o dinheiro na mão, fui impossibilitado de comprar o Marmitex, porque estava sem máscara na cara. Mas, como assim, estava ao ar livre? Então, saí sem fazer questão alguma, decepcionado e um pouco feliz até, pois a moça me ajudou na decisão de manter meu regime zeloso. Era a primeira vez que, por curiosidade, queria ver como era a comida de lá. Minha gratidão foi tamanha que nem tive tempo de observar se a moça atendente usava ou não o tal instrumento repressor, para ser coerente à sua exigência. Certamente, para salvar alguma coisa que não seja incoerente. Sua atitude foi me suficiente para eu construir alguns conceitos particulares, pois estava tomado de sentimentos negativos. Já pensaram se eu dependesse unicamente desse restaurante para viver?
Ontem, almocei em um restaurante "chic" em Goiânia, entramos usando máscara, só podia entrar mascarado, dizia o aviso na porta, depois todos deixamos de ser incoerentes, tiramos as máscaras para comer e sentimos o cheiro da alimentação. Bela lição tirei naquele momento: As máscaras sempre caem no final. Na minha reflexão, enquanto mastigava, observei as crianças da mesa vizinha, olham o "gado" colorido entrando e saindo e nem têm medo de careta, pois o boi da cara preta voltou mansinho e já estão acostumadas. Ou será se a máscara é o sinal da besta assustadora do apocalipse fazendo caridade? SÓ COMPRA OU VENDE MASCARADOS para o seu próprio bem! Na saída, pus novamente a máscara segundo as normas, mas o assaltado fui eu, o outro mascarado do lado de dentro do balcão cobrou muito caro pelo almoço. Para não perder o estigma. CiFA