MANIA DE CANETAS
MANIA DE CANETAS
Adoro canetas.Tenho várias, tinteiros, esferográficas, antigas, novas...
A que eu mais gosto é uma Parker, 51, verde, com tampa prata e o meu nome gravado.
Ah! Uma particularidade, escrevo quase tudo, antes de colocar no micro, em um caderno.Raras são as vezes que escrevo direto no computador.Muitas vezes escrevo com a Parker, que tem uma história interessante. Vamos a ela:
Década de 60, trabalhava em uma imobiliária, na rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo e a noite estudava no Paulistano, na Rua Tagua, bairro da Liberdade.O que eu ganhava era para pagar os estudos e minhas despesas, roupas, passeios( quando sobrava).
Em dezembro de um ano que já não me lembro, comprei a Parker, com umas sobras do meu salário e mandei gravar o meu nome em um daqueles gravadores da Rua Dom José de Barros.Ficou uma maravilha a gravação.A caneta então, linda que só ela!
Os anos passaram e em uma dessas voltas que a vida dá, duro, sem grana, apertado, resolvi fazer uma rifa da caneta.Assim foi feito e lá se foi a Parker.
Vinte anos mais tarde, já casado, trabalhando ainda no mesmo local, após algumas promoções, uma amiga do trabalho, a Ângela, entra em minha sala e diz: "Romeu você se lembra da Maria de Lourdes, que trabalhava aqui há muitos anos atráz?". Diante da minha fisionomia de interrogação, apontou para a porta e disse:" Ela está ali e quer falar com você"
Reconheci a moça e me levantei para recebê-la.
Papo vai, café, água. "O que você está fazendo?"
"Nada! Casei.Tomo conta da casa.E você?"
"Também casei, .....
Em uma determinada hora, ela abre a bolsa, pega uma caneta, me entrega e diz:
"Você se lembra disso, Romeu?"
Peguei, olhei, a "minha" caneta, igualzinha.Ainda com o meu nome gravado.
"Pois é. Fui eu que ganhei aquela rifa.Guardei a caneta.Nunca usei.Esses dias, limpando algumas gavetas, olhei para ela e lembrei-me de você e dos amigos daqui.Resolvi lhe trazer, de presente.Você a quer, de volta?"
Não falei nada. Coloquei a caneta no bolso e levantei, novamente para
lhe dar um abraço e um beijo, dessa vez de agradecimento.
Ah! Esse texto, foi escrito, inteirinho com a "minha" Parker.Agora, como de costume, estou passando para o micro.
José Romeu