Há momentos em que quase perco a fé no Brasil. Chega a me passar pela cabeça flashes de pensamento como: “não tem jeito, esse país é um caso perdido”. Mas já tenho idade suficiente para não generalizar. Portanto, continuo acreditando que alguns desvios de conduta que se observa com frequência em muitos brasileiros não ocorre em todos eles, senão, aí sim, não teria esperanças para nós. Desde a década de 70, ouço falar numa lei informal chamada “lei do Gerson” que falava a respeito de que o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo. Era uma brincadeira, mas ao longo do tempo parece que foi ficando verdadeira. Tem situações em que algumas figuras se valendo de sua posição social, profissional, ou por ter parentesco ou amizade com autoridades se acham melhor do que os outros. Se acham mesmo até acima da lei. Numa blitz de transito, numa fila de banco, numa repartição pública, numa disputa de emprego, ou qualquer situação do cotidiano sempre tem um espertinho querendo burlar as normas, passar na frente dos outros. É a isso que se chama de “CARTEIRADA”. Ao ser contido ou contestado, o cara de pau com frequência se vale da frase “Você sabe com quem está falando?”. Isso é de uma arrogância e de uma prepotência sem limites e sempre me incomodou muito, mas esta semana chegou a um ponto que eu não imaginava possível. – Com a chegada dos primeiros lotes de vacina contra o corona vírus que tanto tem afligido nossa gente, ainda em quantidades mínimas em relação à demanda, alguns prefeitos e outras autoridades passaram por cima dos critérios de distribuição das doses, se valendo de sua “posição”, sem a menor cerimônia e usando de manobras espúrias e do famoso jeitinho, vacinaram a eles próprios, filhos, esposas, e até apaniguados. Isso em detrimento de idosos e de pessoas de risco. Aí é demais, não dá para qualificar uma atitude destas. Felizmente são poucos os casos noticiados até agora. Mas, posso afirmar sem medo de errar que já deve estar passando pela cabeça de muita gente aí pelo Brasil afora, a possibilidade de conseguir uma “boquinha” para se vacinar primeiro. É uma mentalidade que desgraçadamente foi se impregnando ao longo dos dos séculos na cabeça de boa parte dos brasileiros. E isso, sendo um defeito moral, embora não seja o único, tem sido um entrave para que possamos atingir padrões mais elevados de civilização. Abaixo as carteiradas e a famigerada “lei do Gerson”.
Al Primo
Enviado por Al Primo em 21/01/2021
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