VIVA A “BALBÚRDIA”, OS “IDIOTAS ÚTEIS” E OS “PARASITAS”!

A CONSIDERAÇÃO do Presidente e de seu governo é tamanha pelos servidores públicos, em especial os que trabalham com Ciência e Educação, que, sequer, há registros exatos de quantos desses profissionais já morreram no exercício da função na linha de frente do combate à covid-19 no País.

“É apenas uma gripezinha; um resfriadinho”.

“O brasileiro não pega nada (...) o cara pulando no esgoto, sai, mergulha... e nada acontece com ele”.

"Não adianta fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas”.

“Bundões têm mais chances de morrer”.

“E agora tem uma conversinha de segunda onda”.

“Encarei o desafio devido à necessidade. (...) No meu setor, de diagnóstico por imagem, a demanda está alta e precisamos contribuir. A enfermagem do Hucam está engajada nessa luta de tratar quem precisa e de enfrentar a COVID”[1].

O PRIMEIRO bloco de frases é do Presidente da República que é chamado pelos seus admiradores – especialmente os da classe C pra baixo – de mito, e se autodefine como um “homem honesto, cristão e com Deus no coração”.

O DEPOIMENTO que segue às “pérolas” do Presidente é de Wagner Nascimento, auxiliar de enfermagem e assistente social de um Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo, portanto, um servidor público, que mesmo sendo do grupo de risco, decidiu permanecer na linha de frente do combate à pandemia no Brasil.

Além das chulas declarações acima, o Presidente Mito já disse que professores – além de “doutrinadores comunistas e distribuidores de kit gay para crianças” – são “idiotas úteis”. E o fez quando estes lutavam para impedir a retirada de verbas a serem empregadas exatamente, entre outras ações, em pesquisas como as que resultaram na vacina que, agora, ele ameaça provocar, se necessário, uma guerra civil para ter o controle, depois de, diversas vezes, ter menosprezado, boicotado e, publicamente, comemorado o suposto fracasso durante os testes.

NESSA mesma ocasião, enquanto os professores e cientistas, com apoio de vários setores da sociedade, lutavam por mais investimentos em educação e Ciência, o ministro da ideologização – oficialmente, da Educação, à época –, iniciou uma perseguição oficial e sistemática contra as universidades públicas sob acusações e insinuações risíveis de que estas promoviam balbúrdias, eram antros de orgias sexuais e possuíam lavouras de maconha para uso recreativo.

ENQUANTO o Mito e o dogmata desenvolviam suas campanhas difamatórias e persecutórias, o embaixador dos banqueiros e rentistas no Governo (ministro Paulo Guedes) se referia aos servidores públicos como “parasitas”, e preparava para encaminhar ao Congresso medidas e reformas que, entre outras “melhorias”, acabará com a carreira pública e iniciará a privatização do SUS.

NESSE bojo, o Mito e seus auxiliares diretos ainda tentaram impedir a aprovação do Fundo de Financiamento da Educação Básica (FUNDEB). Como a tentativa naufragou, investiram na possibilidade de desviar os recursos deste para capitalizar instituições religiosas – principalmente as que declaradamente apoiam seu necroprojeto –, as quais também tentou isentar (mais ainda) de impostos e outras contribuições.

A CONSIDERAÇÃO do Presidente e de seu governo é tamanha pelos servidores públicos, em especial os que trabalham com Ciência e Educação, que, sequer, há registros oficiais exatos de quantos desses profissionais já morreram no exercício da função na linha de frente do combate à covid-19 no País[2].

“O soldado que vai para guerra e morre a família é indenizada e é condecorada e nós, que também estamos numa guerra contra um vírus que mata milhões de pessoas, não temos este direito. Esta doença pode ter sequelas e os profissionais de enfermagem muitas vezes são arrimos de famílias, como será a vida destes profissionais que sobreviverem e que estão combatendo esta guerra diariamente?”, questiona Gilney Guerra[3], enfermeiro em Brasília e diretor do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), referindo-se ao veto do Presidente à indenização a profissionais de saúde sequelados pela covid-19 ou amparo a familiares destes em caso de morte do profissional em combate à pandemia.

PROVAVELMENTE ele entende que as filhas adultas de militares, apenas por estes pertencerem às Forças Armadas, são mais necessitadas e merecedoras desse tipo de benefício.

A DESPEITO de tudo isso, no entanto, em respeito e reconhecimento a todos os que já foram sacrificados nessa guerra cruel e insana e para felicidade dos que serão protegidos, vale ( E MUIIIITO) ressaltar que as vacinas cujo uso acaba de ser autorizado no Brasil pela ANVISA – incluindo a [Coronavac] que o Presidente desprezou e boicotou e, agora, diz que “é sua e ninguém tasca” – são o resultado do que ele chama de “gigantismo estatal” (leia-se: investimento público em Educação e Ciência) e do hercúleo esforço dos “idiotas úteis”, principalmente os da UFRJ e da USP, e dos “parasitas” da FIOCRUZ e do Butantan. São elas (as vacinas) que, como tantas outras já fazem em relação a vários patógenos, nos assegurarão prevenção contra a “gripezinha” que já matou mais de 200 mil “maricas e bundões”.

VIVA, PORTANTO, A “BALBÚRDIA”, OS “IDIOTAS ÚTEIS”, OS “PLANTADORES DE MACONHA” E OS “PARASITAS”!

[1] Disponível em: https://cnts.org.br/noticias/em-tres-meses-quase-triplica-o-numero-de-mortes-de-profissionais-da-enfermagem-no-brasil/

[2] Até dezembro/2020, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (SIMESP) estimava em 317 o número de médicos mortos pela covid-19. E o COFEN, em 469 o número de enfermeiros, técnicos e auxiliares.

[3] Disponível em: https://cnts.org.br/noticias/em-tres-meses-quase-triplica-o-numero-de-mortes-de-profissionais-da-enfermagem-no-brasil/....