Tempo de Aflição
Tentar escrever em momento de aflição é deveras estranho. Lutar pela inspiração que custa a vir e logo se esvai é frustrante. Ter o tempo necessário para colocar no papel a ideia que não se tem frustra a quem outrora se achava criativo. As horas se sucedem e a sensação de vazio preenche uma dimensão diferente do tempo. O alívio também surge agradecido, em função do que poderia ter ocorrido de pior. Mas todos temos com quem nos preocupar.
Contemplar a engrenagem que agora flui ainda mais devagar ensina a valorizar o que muitos desprezam de forma irresponsável e fanática: a própria vida e a dos entes queridos. A cegueira política e a estupidez institucionalizada contamina. Inacreditável se deparar com tanta falta de visão. Darwin e sua teoria encontrariam por aqui prova irrefutável do quão inepta uma espécie pode se revelar, deixando-se ceifar pela falta de células cinzentas em número mínimo aceitável para a sobrevivência.
Tenho me refugiado nas narrativas ficcionais de suspense, mistério e terror, talvez para fugir um pouco das histórias reais que nos assombram hoje, e que vão da irresponsabilidade dos negacionistas até a ultrajante morte por asfixia dos privados de oxigênio hospitalar.
Difícil, senão impossível superar enredos tão macabros. Nos EUA assistimos incrédulos à posse militarizada de um governo democrático, motivada pela insanidade de um indivíduo completamente despreparado para comandar um país e que segue fazendo escola em nosso país tupiniquim.
Até quando este pesadelo? Ofendemos a quem pode nos ajudar a sair desta situação de desespero. Assistimos ao fechamento de empresas centenárias e à pulverização de empregos. Ridicularizamos a ciência. Aplaudimos malucos com armas na mão, chifres na cabeça e suásticas na camiseta. Comemoramos atitudes suicidas de incentivo às aglomerações e jogamos aos leões virais invisíveis a população mais vulnerável, sem estudo, sem plano-de-saúde, sem noção.
Receitamos remédios ineficazes e que trazem risco como se água fossem, sem sermos médicos. Brigamos para nos tornarmos pais indignos de algo que não criamos e ainda ajudamos a dificultar (falando de vacinas). De técnicos de futebol, médicos e loucos todos... mas estimulados por sujeitos ensandecidos, oportunistas e irresponsáveis?
Poe e Lovecraft devem estar se retorcendo. Como não estarem presentes para documentar tamanho horror?
Dizem que histórias de terror não podem ter final feliz. Me recuso, porém a acreditar que a vida real siga este roteiro. E termino aplaudindo aos verdadeiros heróis, cientistas e pesquisadores, os quais apesar da boçalidade de muitos nos trouxeram em tempo recorde o alento das vacinas que podem salvar a todos.
Um lamento amargo e carregado de tristeza pelos que se foram. Um profundo desejo de recuperação plena a quem hoje está fragilizado e doente. Uma ode, porém à humanidade pensante e sua capacidade de superação.
"Os cães ladram, a caravana passa..."
Contemplar a engrenagem que agora flui ainda mais devagar ensina a valorizar o que muitos desprezam de forma irresponsável e fanática: a própria vida e a dos entes queridos. A cegueira política e a estupidez institucionalizada contamina. Inacreditável se deparar com tanta falta de visão. Darwin e sua teoria encontrariam por aqui prova irrefutável do quão inepta uma espécie pode se revelar, deixando-se ceifar pela falta de células cinzentas em número mínimo aceitável para a sobrevivência.
Tenho me refugiado nas narrativas ficcionais de suspense, mistério e terror, talvez para fugir um pouco das histórias reais que nos assombram hoje, e que vão da irresponsabilidade dos negacionistas até a ultrajante morte por asfixia dos privados de oxigênio hospitalar.
Difícil, senão impossível superar enredos tão macabros. Nos EUA assistimos incrédulos à posse militarizada de um governo democrático, motivada pela insanidade de um indivíduo completamente despreparado para comandar um país e que segue fazendo escola em nosso país tupiniquim.
Até quando este pesadelo? Ofendemos a quem pode nos ajudar a sair desta situação de desespero. Assistimos ao fechamento de empresas centenárias e à pulverização de empregos. Ridicularizamos a ciência. Aplaudimos malucos com armas na mão, chifres na cabeça e suásticas na camiseta. Comemoramos atitudes suicidas de incentivo às aglomerações e jogamos aos leões virais invisíveis a população mais vulnerável, sem estudo, sem plano-de-saúde, sem noção.
Receitamos remédios ineficazes e que trazem risco como se água fossem, sem sermos médicos. Brigamos para nos tornarmos pais indignos de algo que não criamos e ainda ajudamos a dificultar (falando de vacinas). De técnicos de futebol, médicos e loucos todos... mas estimulados por sujeitos ensandecidos, oportunistas e irresponsáveis?
Poe e Lovecraft devem estar se retorcendo. Como não estarem presentes para documentar tamanho horror?
Dizem que histórias de terror não podem ter final feliz. Me recuso, porém a acreditar que a vida real siga este roteiro. E termino aplaudindo aos verdadeiros heróis, cientistas e pesquisadores, os quais apesar da boçalidade de muitos nos trouxeram em tempo recorde o alento das vacinas que podem salvar a todos.
Um lamento amargo e carregado de tristeza pelos que se foram. Um profundo desejo de recuperação plena a quem hoje está fragilizado e doente. Uma ode, porém à humanidade pensante e sua capacidade de superação.
"Os cães ladram, a caravana passa..."