VIOLÊNCIA DO INÍCIO AO FIM. SEM FIM?
A violência no Brasil é atávica. Está “gravado em nosso DNA”. O Brasil foi concebido, forjado sob a égide da violência. Em nossa História, duas etnias são a um só tempo vítimas e testemunhas disso. A aniquilação dos nativos nos primeiros contatos, seja pela violência ou pelas doenças. Posteriormente, os africanos que para aqui foram arrastados, desde suas tribos, para serem escravizados e acabarem sendo submetidos as extremas - e a toda a sorte de – violações, humilhações e privações.
Avançando na História Brasileira, nos séculos XIX e XX vemos um sem-fim de guerras civis, muito embora, “A expressão guerra civil não aparecia nunca nos livros didáticos do Brasil. Cabanagem, Balaiada, Farroupilha? Eram revoltas regenciais, termo didático, não sangrento e asséptico.”, como destaca o Prof. Karnal, em seu livro: “Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia” (Rio de Janeiro: Ed. Leya - 2017).
Assim, no Brasil, fica patente a umbilical relação entre pobreza e violência. Uma sociedade com uma história caracterizada por uma imposição continuada de exploração, negação de direitos, segregação e opressão aos mais pobres e vulneráveis, não nos permite aquiescer sobre a violência que vivenciamos, mas, nos leva a, minimamente, “compreender” a ocorrência mais evidenciada nos estratos mais baixos da sociedade.
Dentro deste círculo de barbárie, que nos encontramos, não é nos impingindo mais barbáries o caminho a ser tomado para iniciarmos a resolução do enorme problema de violência que temos. Tanto a adoção da pena de morte, como a responsabilização criminal de maiores de 12 anos de idade, seriam um salto enorme para trás na urbanidade que alcançamos até aqui.
Salta aos olhos o paradoxo que o refinamento intelectual que alcançamos, ao longo do tempo, e a persistência e resistência da brutalidade rudimentar, (reptiliana? provavelmente) que ainda nos cerca. Ao adotarmos a pena de morte, estaríamos “retroalimentando” este paradoxo.