REVOLUÇÃO
REVOLUÇÃO
Para as pessoas que residiam no interior dos estados nordestinos e que, como eu moravam no campo, revolução era revirar a terra para plantar. De 1964 até 1969, antes de ir morar em São Paulo, a verdade sobre a revolução, era uma espécie de estória de faz de conta, pois não tinha jornal nem televisão e os comentários eram feitos por alguns colegas de escola, mas muito superficialmente. Em 1971, morando em São Paulo e trabalhando para CTB (Companhia Telefônica Brasileira) no departamento geral de engenharia, vivi uma experiência singular. Na época, o sistema de comunicação era muito precário, por isso estávamos fazendo um plano de emergência, para atender a todo o estado de São Paulo. Durante o levantamento em campo, estivemos em todas as cidades do estado.
Quando estávamos fazendo os testes para implantar o sistema em Bocaina, houve um mal entendido, e alguém achou que éramos terroristas, pelo fato de estarmos em um grupo de cinco pessoas, com viaturas e equipamentos estranhos aos moradores locais. Alguém chamou o delegado que sem nenhuma averiguação prévia, anunciou através da emissora local, que Bocaina tinha sido invadida por terroristas e em seguida foi até a praça onde fazíamos os testes, e nos prendeu.
Quando tentamos argumentar, após nos identificarmos, o mesmo disse que não poderia fazer mais nada, tendo em vista que já havia noticiado o fato e teria que fazer um extenso relatório. Não adiantou jurarmos que dizíamos a verdade, pois o que valia dali para frente era o poder arbitrário do regime, que nos deteve por quase oito horas, apenas para justificar o erro do delegado.
Com este episódio, mais uma vez tive que revisar meu conceito de verdade e aprender sentir o seu valor, em ressonância com o ambiente e as forças que o gerenciam.
Essa e outras experiências me fizeram refletir sobre tudo que aprendera até aquele dia e resolvi, como poeta, resumir tudo em uma poesia que chamei de “A VERDADE”. “editado neste recanto”