O vidro da janela (14.01.2021)

PROPOSTA 1: Em sua casa, selecione um objeto que você usou muito, mas hoje não usa mais, mas jamais se desfará dele. Conte por quê.

PROPOSTA 2: Em sua casa, selecione um objeto que você usou muito, mas hoje não usa mais. Depois de selecioná-lo, construa uma propaganda convencendo o leitor a comprá-lo.

RESPOSTA:

O VIDRO DA JANELA (14.01.2021)

Os olhos são as janelas da alma, muitos dizem. Mas acho que eles são também nossas janelas para o mundo. É horrível, por exemplo, ter que atravessar uma avenida movimentada sem conseguir enxergar onde tem faixa de pedestre ou de que cor está o semáforo, ou mesmo se vem carro na outra direção.

É engraçado pensar que os olhos são janelas, pois quem usa óculos têm vidros nessas janelas. Vidros estes que, ao invés de isolar o interior do mundo, na verdade possibilitam que esse interior veja o mundo como ele é (ou pelo menos muito próximo disso, pois esses vidros constantemente se mancham, ou que podem se arranhar...).

Durante muito tempo usei óculos de grau para conseguir enxergar o mundo não embaçado de quem não é míope. Desde que tinha, acho, 12 anos, tenho por companhia as lentes na frente dos olhos, que me possibilitaram ver (e até mesmo ouvir, porque muitas vezes parece que sem óculos eu fico até mouca) coisas incríveis e que sem dúvida têm um lugar especial na minha vida inteira.

As pessoas cegas encontram outras formas de ver o mundo (um mundo criado do jeitinho lindo delas), há também a cegueira branca de Saramago e há o tipo de cegueira que não é cegueira mesmo, e sim uma visão incorreta do mundo (fisiologicamente falando).

Somente nas aulas de física descobrimos o motivo desses problemas de vista, que precisam de óculos de grau para serem corrigidos: os tais espelhos côncavos ou convexos que, a depender de onde o raio de luz incide, reflete a imagem desta ou daquela forma. E assim é o olho, diz o professor, dependendo do tamanho ou do formato dele, pode ser que ou a luz passe do ponto denominado Foco ou nem consiga chegar até ele.

Recentemente, fiz uma cirurgia para que essa correção que o óculos proporcionava fosse definitiva e já não preciso mais usá-lo (preciso sim é do óculos escuro porque minhas janelas estão sensíveis)...

No entanto, acho que não o venderia. Não somente porque seria difícil encontrar alguém que tenha o mesmo grau de miopia que eu tinha, e que o compraria; mas porque, querendo ou não, o óculos fez parte de uma grandessíssima parte da minha vida (não este óculos em si, porque as armações vão mudando, claro). Não sei se vou sentir saudade de ter o óculos entortado por um abraço, ou mesmo manchado durante um beijo, ou escorregando pela ponte do nariz em um ambiente de muito calor (vulgo Restaurante Universitário)...

Ainda não sei se sentirei saudade dessas coisas, e de tantas outras histórias engraçadas que vivenciei com meu óculos (como se ele realmente fosse um amigo)... Ou por quanto tempo durará a mania de empurrar o óculos para cima do nariz mesmo estando sem os vidrinhos. O que sei é que, se algo muito estranho tivesse acontecido que me impossibilitasse de ter usado óculos, eu não seria grande parte do que sou hoje.

Paulia B. Sousa

Paulia Barreto
Enviado por Paulia Barreto em 14/01/2021
Reeditado em 04/02/2021
Código do texto: T7159562
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