HUMANO REBELDE
Leio e releio tudo que escrevo. Vorazmente devoro palavras durante o processo de escrita. Impressiono-me com a volátil lucidez a me tomar enquanto concateno ideias. Não por acaso, entendo a vida como essas escritas desprovidas de raiz. Nem xilema nem floema nutre, pois não existem ligações. Uma árvore infrutífera, eu diria. O peso das nossas escolhas remete ao mesmo tempo o momento em que deixei para trás todos os níveis de aprisionamento, dentre pedaços minúsculos das consequências, bem como o inferno ao qual nos habituaramos nos últimos anos.
Desconstruir os outros faz de nossas fraquezas o alento da ilusão perfeccionista. Uma realidade líquida não sustenta suficientemente bem todos os enlaces desejosos da graça divina a levar cada indivíduo ao paraíso prometido. E nem o paraíso nem o inferno parecem ser convidativos nesses aspectos interiores que tanto proclamam. É o modelo da falcatrua suprir anseios com vazios materiais. O bem separa a luz das sombras como quem dita as regras do jogo, mas, na verdade, é tudo tão incerto quanto o futuro.
E o final é essa conjunção de rimas falhas, escritas tortuosas, sem métricas e sem regra alguma que satisfaça meu amontoado de pensamentos não revelados. Porém, os revelo em cada linha, aos poucos, em doses minúsculas de letras formadoras de textos breves. O modo com o qual os olhos arregalados da humanidade costuma vivenciar na sua juventude pequena.