SE VOCÊ ERA PUXA-SACOS E FOFOQUERO, ANDE CORRETAMENTE DE MÁSCARA

Num dia qualquer, sem aviso prévio, as pessoas dão-se conta que a memória começa a falhar. Esquecem as chaves da residência, então sobem os 14 degraus para buscá-las. Já que subiram, algumas aproveitam para beber água e descem novamente. O beber água atrapalhou-as e a chave não veio.

Azar, quem vai saber que a porta não está chaveada?

Quando ligam o carro reparam que as chaves estão no console. Como é um festival de esquecimentos não sofrem e lá se vão.

Esta coisa de esquecer já vem a algum tempo atormentando Anacleto, então a listinha para o supermercado está pronta desde a véspera. Lá no balcão dos frios, bem no ladinho está um daqueles colegas de trabalho, ditos mussum, puxa-sacos e perigoso, pois tudo ele achava engraçado para o chefe. Ambos estão de máscara, mas Jusuê está com o nariz de fora, coisa que facilita o reconhecimento de pronto. É melhor deixar para depois os frios, porque o dito deve uma pedra, assim qualquer reconhecimento e aproximação resultará em devolução da pedra.

Que droga, esqueço das chaves, mas não esqueço que este cretino me dedurou para o chefe, quando sai mais cedo para renovar a carteira de motorista, mas fui para casa.

O puxa-sacos, no outro dia pediu para ver a carteira e falou para que todos e principalmente o chefe ouvissem:

- Mas você não estava com esta camisa ontem! - Pera ai ... a data de emissão é da semana passada!

Ambos estão aposentados, então nada respingará na possibilidade de perder o emprego, se der uns pipocos, coisa que na época aconteceria!

O cara sumiu, onde estará ele? se pergunta para si, o Anacleto.

Ah, está lá nos papeis higiênicos, vou fazê-lo engolir pelo menos uns três rolos.

Decidido, foi até lá, mas esqueceu do castigo que iria aplicar, mas do fato em que foi dedurado, não tem como esuecer.

Jusuê, olha desconfiado, quase reconhecendo-o.

Deixa este diabo para lá, terminarei as minhas compras e voltarei para casa o mais rápido que puder.

Chegando em casa, não encontra as chaves e não lembra que a porta está aberta. Enquanto procura uma solução, começa a tirar as sacolinhas e percebe que os frios não vieram.

Com a idade a memória nos maltrata duas vezes, pelo que esquecemos e pelo que não esquecemos.

Então aos jusuês, o troco deve ser dado de imediato, assim o sofrimento será pela metade.

Amanhã irei ao supermercado, mesmo que não tenha nada para comprar, quero encontrar o Jusuê e aplicar-lhe um corretivo em dobre, pelo tempo que ficou impune! Pensou Anacleto!