Crônica líquida
A pedra tão dura. Seria resistente? A água tão mole ou diria flexível?
A pedra é resistente ou estática? Uma pedra, em meio a um riacho, permanece ali, estática, mesmo tamanho, mesma solidez....
A água nasce límpida na fonte, pura, aparentemente frágil, transparente, desprovida de nocividade. Assim segue para um rio que se junta a outros rios.
Então as águas passeiam, contemplam outras paisagens, saciam os peixes, lavam as impurezas e objetivam a imensidão do mar.
É inviável, é perda de tempo, colocar uma pedra em meio ao rio para tentar bloqueá-lo. É possível que o rio até pare por um certo tempo. Mas isso fará com que as águas fiquem ainda mais fortes.
É da natureza do rio, seguir seu caminho, contornar as pedras, juntar-se a outros rios, saciar os peixes, lavar as impurezas, sobreviver aos animais peçonhentos, cumprir seu destino e evoluir para a imensidão do mar.
Nada detém as águas, nem mesmo a pedra dura, sólida, resistente e estática.
Alguém pode até desviar o fluxo de um rio, que sabiamente obedecerá, mas ainda assim, continuará correndo para o mar.
Alguém pode até represar a água, que sabiamente obedecerá, mas ainda assim, se transformará em luz e iluminará a humanidade. E as águas que restarem, cumprirão seu destino.
Ser dura, é da natureza da pedra bruta, que nunca evolui.
Ser flexível, é da natureza das águas, que inúmeras lições nos possibilitam.
Assim como as águas cumprem a sua missão: evoluir e alcançar a imensidão do mar. O ser humano também segue sua natureza: alcançar a imensidão da vida.
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Janaína Bellé