Chamando por mim
De alguma maneira esquisita eu sentia a janela me chamar, e é muito doido pensar que a forma simbólica da janela denunciava o que eu ansiava dentro de mim: ir embora.
Quanto mais eu me aproximava da janela, mais eu sentia que devia deixar muitas coisas para trás: pessoas, objetos, pensamentos limitantes, crenças ilusórias, apegos... a luz do sol ia me encandeando o rosto e agora eu possuía a visão da cidade, assim como eu me sentia, a cidade também parecia: cheia, barulhenta, com muito divertimento a ponto de considerar-se livre e ao mesmo tempo uma prisão pela rotina repetitiva.
Algo em mim gritava: "menina, você só está acostumada, vá embora, saía". Assim eu fiz, corri na rua, inicialmente perdida, mas só se encontra quem está perdido não é mesmo? E eu me encontrei, hoje viro o meu rosto para trás e vejo todo o passado, sou grata a voz que me berrou para fugir pois só assim meu eu pôde novamente ser encontrado, cuidado, curado e restaurado.
No fim eu descobri: que a voz era eu chamando por mim.