O ESPELHO
Ao ouvir a campainha tocar tão insistentemente saí correndo do chuveiro e fui atender achando que o edifício estava em chamas ou inundado por uma avalanche de água salgada, já que moro perto da praia.
Agarrei uma toalha na frente do corpo e corri para abrir a porta.
Era um jovem com uma pizza na mão. Fiquei com água na boca, mas não havia pedido pizza alguma. Era um engano. O porteiro, novo no serviço, deixou passar sem se certificar se eu havia feito o pedido.
O rapaz, assim que eu abri a porta, esbugalhou os olhos e deu um sorriso de contentamento.
Só então me dei conta de que minha sala tem um grande espelho, no qual o jovem apreciava minha parte traseira, completamente à mostra no espelho.
Já alegrei o dia do menino, que vai ter uma história pra contar para os outros entregadores de pizza.