OS PEQUENINOS
          Me encanta a sinceridade a pureza , a espontaneidade a alegria das crianças. Só vim ter plena consciência disso agora, que tenho netos. Mesmo tendo convivido com meus filhos que naturalmente foram crianças, não percebi com a clareza que percebo hoje, o quanto nos ensinam estas pequenas criaturas. Quando temos os filhos, estamos numa fase de construção da vida. As preocupações e responsabilidades de formar uma família, são muito grandes. Abrangem a vida sentimental do casal, a vida financeira e profissional a formação do círculo social, e muitas outras obrigações diárias, mensais, anuais. Tudo isso nos “rouba” muito tempo e exige um esforço físico e psicológico que não permite que apreciemos e acompanhemos como deveríamos e gostaríamos, o desenvolvimento dos filhos. A sensação que temos é que o tempo é insuficiente e passa muito rápido. Quando nos damos conta já estão andando, indo para a escolinha, fazendo amizades. Ficam adolescentes. Ficam adultos, vão para a Universidade, se casam e assumem as rédeas da própria vida. Tudo parece acontecer rápido demais. Gostaria de ter prestado mais atenção e acompanhado mais de perto o crescimento dos meus filhos, mas o tempo passou e perdi o bonde. Hoje, praticamente aposentado, convivendo com os netinhos é que tive um parâmetro de comparação. Não os vejo todos os dias, a cada vez que chegam noto pequenas diferenças, no desenvolvimento e desenvoltura deles. Vejo-os engatinhar, andar, correr, nascerem os dentinhos, as primeiras palavras. Tudo isso saboreio com mais tempo e atenção do que tive com os filhos. Percebo pequenas mudanças de humor. Adivinho-lhes as vontades a medida que que vamos convivendo, e principalmente aquele “vovô” me mata de alegria. Brincamos, rolamos no tapete, criamos aventuras imaginárias damos gargalhadas o tempo todo. É uma convivência edificante para ambos os lados. Sou extremamente grato a Deus por ter me permitido chegar até até esta fase. Se tivesse partido antes, não teria conhecido a delícia que é ser “vovô”. Tenho com eles a calma e a paciência que não tive com meus filhos. Procuro não contradizer os pais, mas quebrar uma regrinha ou outra também não é assim tão sério, será que é? Quem é avô rapidamente entende que os netos são bônus que a vida nos dá numa fase em que tendemos à solidão e as vezes a quadros depressivos. Ao mesmo tempo também são um puxão de orelhas: “Porque não fizestes o mesmo com teus filhos?”. Gostaria de voltar atrás, mas já não posso, a vida é mão única e tem regras próprias.

AVP-03/01/2021
Al Primo
Enviado por Al Primo em 03/01/2021
Reeditado em 03/01/2021
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