Comunicação social
Prólogo: trata-se de uma obra de ficção científica. Quaisquer semelhanças com minhas amigas terá sido apenas uma coincidência.
Tenho um doce de amiga. Faz meu gênero, menina-moça, bonita; faz meu tipo, é inteligente; possui nível superior, gosta da matéria Direito Trabalhista. É, também, igual a mim, pragmática. Discretíssima, protege-se dos comentários desairosos da vizinhança, é sagaz.
No último Sábado, dia 27 de outubro de 2007, solícita, com um sorriso encantador, essa esplendorosa mulher pediu para eu lhe mandar “e-mails”, textos que escrevo nas madrugadas cinzentas, em minha fraca fortaleza de luz difusa, onde de vez em quando, nessa ocasião, sob os sintomas de minha espertina acentuada pelo vinho escrevo enfadonhos ensaios, contos, artigos, poesias, crônicas e até textos eróticos... sendo algo que outros leitores consideram ser escrito com a sandice de que sou capaz.
Essa menina loira, bonita e extremamente feminina é conhecedora de suas limitações funcionais, haja vista reconhecer que é meio desligada das responsabilidades sociais uma vez que atrasa respostas as suas missivas, telegramas e "e-mails", perde prazos em ações ajuizadas, esquece de dar um retorno solicitado, não conversa em tempo hábil com seus clientes e testemunhas antes das audiências, etc.
O nome dela? Nego! Nego porque o Lula, nosso mais recalcitrante mandatário, desde a época do imperialismo, também nega que saiba algo sobre as falcatruas de alguns dos representantes filiados ao PT; e a população enganada, sofrida e desempregada, aplaude esse esquecimento extremamente conveniente para a manutenção das conquistas pessoais do mais rude operário.
Nego, veementemente o nome de minha amiga, estribado no sacrossanto direito de me manter calado diante de algo que eu não queira ou não possa, por conveniência pessoal e social, revelar.
Mantenho-me em silêncio, uso do mesmo direito que um conhecidíssimo político de descendência judaica nega, apesar das irrefutáveis e convincentes provas documentais, ter contas no exterior, cometendo, dessa forma, o crime de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro.
Não quero, tampouco posso negar que essa conspícua e bela menina-mulher não queira despertar entre seus mais próximos amigos, não sei se sou um deles, um desejo enaltecido de transformar essa comunicação zero em uma revitalização de anseios desmedidos, esquecidos por uma desconfiança mal-explicada e superprotegida sob o manto da discrição exagerada.
Não fui claro ao parágrafo anterior? Perdão! Sou assim mesmo. Escrevo mais nas entrelinhas do que nas verdadeiras, embora insossas palavras. Passarão anos, talvez milênios até que algum luminar se digne explicar minhas reais pretensões ao escrever e afirmar que minha amiga, quiçá imaginária, terá sempre, salvo outro notável juízo, a nota zero em comunicação social.