A LUZ DO ANO NOVO.

Recebo no vestíbulo do novo ano além da esperança do crescimento da humanidade, incentivo para que não haja total descrença dos valores humanos, o alimento que nos motiva, egresso de quem por dom foi abençoado, fino literato, amigo das letras e em espírito, Bernard Gontier, nesta generosidade:

“Prezado Celso, passando aqui para agradecer sua gentil visita e desejar um abençoado 2021 para e você e família. A seguir, trecho de texto que, a meu ver, serve para poucos, mas com toda a certeza você é um dos destinatários: Excluídos o heroísmo e a santidade, ser um escritor - um escritor de verdade - é a mais alta glória humana. Dar voz a quem não tem, dizer em palavras claras o que todos sentem no fundo obscuro de uma consciência muda, e assim devolver a cada um o domínio do seu próprio destino, é o mais belo serviço que alguém pode prestar aos seus semelhantes."

Servir e doar utilidade sendo útil, minha religião. Se um vocábulo que escrevo levanta o caído, nessa meta me fortaleço. E se avizinha do meu sentido que sou ajudado para ajudar, escrevendo, invade minha vontade.

O sofrimento é inerente a toda forma de existência; a ausência de conhecimento necessário, mesmo o mais simplório, é origem do sofrimento; pela extinção desse vazio, é possível extinguir ou minimizar o sofrimento. Pelo conhecimento sem rigores acadêmicos ou de ascese. É preciso compreender e aceitar o que nos trazem as mesmas forças que nos trouxeram ao Planeta. Não há resistência para o inevitável, mas acolhimento e compreensão para contornar aceitando, e superar se assim é flecha do destino.

O sistema óctuplo, caminho do meio oriental, se desenha: compreensão correta, pensamento correto, palavra correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção correta, concentração correta.

Assim devemos nos conduzir, podendo, para alcançar serenidade, apagar mentiras sobre si mesmo e tornar leve a alma. Aceitar o que nos reservou a vida, que é sagrada.

As previsões de nosso fim como espécie são conhecidas da literatura como um todo. Os que têm hábito da leitura conhecem essas balizas históricas, muitas já ultrapassadas temporalmente e, são extensas de listar. A mais próxima e envolvente de algumas mentes é a do ano de 2012 em seu dia 21, sempre o dia 21, previsão da cultura Maia. O eixo gravitacional seria invertido. Por força desse imprevisível e improvável fato amanheceria o 22/12/2012 com devastadora inundação. Nada aconteceu.

Por que o homem gosta de antever o que não tem nenhuma condição de antecipar? Chocar e chamar atenção para invectivas é o grande foco, desde uma pequena rede de comunicação, como grandes redes, hoje a internet, até grandes lançamentos editoriais em fabulosos espaços. O choque gera lucro, renda. Basta o que vimos de imagens exploradas pelos veículos de comunicação da situação funerária diante do vírus.

Pouca importância se dá ao que é importante, lastimavelmente.

“O ser humano está feito para o dom que exprime e realiza sua dimensão de transcendência. Por vezes o homem moderno convence-se, erroneamente, de que é o único autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade. Trata-se de uma presunção, resultante do encerramento egoísta em si mesmo..”, fls. 57. Caritas In Veritate, Encíclica do Sumo Pontífice Bento XVI, um dos maiores ou o maior intelectual dos Papas. É impositivo ouvir os iluminados que sucedem São Pedro, mesmo os não católicos. Os Papas são humanos, mas com todos os defeitos que possam ter, estão mais perto de Deus, humanidade que ouve com mais força a Voz do Senhor, a mesma voz da oralidade do Cristo.

Está lançada a conhecida estrada do “pecado das origens”, como rotula o intelectual de ponta máxima, Cardeal Ratzinger.

Não será a previsão inorgânica e indemonstrável em digressão ao passado, nem com a ciência física, nem astronomicamente ou de quaisquer ângulos que se queira abordar, que se submeterá à análise racional as previsões sensacionalistas.

Antes olhe-se para o homem e será possível dizer que ele acabará com sua espécie. Essa a chave. Bastante ver a manipulação em pesquisa de vírus dessa incidência de transmissibilidade monstruosa, colocada de joelhos a pesquisa, incapaz de com efetividade barrar com drogas rapidamente o grande mal em tempo breve.

Colocado um nome de respeito na ciência antropológica contemporânea, Claude Lévi-Strauss, é possível refletir. O gigante nome da antropologia, que viveu anos em meio a nossos indígenas e outros tantos povos incorporados ainda à natureza virgem, deixou claro que o ser humano é basicamente uma espécie passageira que deixará poucos traços de sua história após sua extinção.

A que se deve essa sentença de um exímio e notável observador do andamento antropológico? Logicamente à atuação do ser humano em seu “habitat”, no meio onde vive. Está agora, em mais esse ponto de atuação no "habitat", pesquisa viral com vazamento, doença vinda da China que devasta o mundo em transmissibilidade. Configurada a afirmação do antropólogo.

E não é admissível que pessoa medianamente inteligente não perceba que a espécie desaparecerá. Só não se sabe o desfecho, se com catástrofes climáticas simultâneas, doenças de intensa e mortal transmissibilidade, em que tempo e quando.

Se cresce a demografia, em grande escala, a população mundial projetada em números extraordinários, cresce também a demanda por tudo, através da famosa sobrevivência egoísta, de homem a homem, de nação à nação.

Haveria como controlar? Sim e não, o sim estaria no reconhecimento e respeito à natureza e o não em posição contrária. E todas as concorrentes da própria natureza para o que agora concorre o homem com sua interferência.

Pelo que se vê em progresso de respeito e humanismo, caminhamos, observado o tempo e a exaustão das fontes, para esse fim, com o desrespeito geral que se dirige à natureza como analogia ao próximo, e também agora a agressão manifestada com os riscos na pesquisa, manipulando vírus como o "covid 19" para um processo de quase eutanásia.

Frase atribuída a Olavo Bilac: "Saudade é a presença dos ausentes". Não foi a saudade que está próxima, não muito distante. Vivemos o turbilhão do paradoxo. Sou e somos meus contemporâneos de um tempo em que se viam as estrelas, frequentava-se um mar sem violações de despejos de toda sorte onde mesmo em altos oceanos, aves e peixes morrem por se alimentarem de plásticos. Há uma ausência estranha do que foi e era a natureza, que vai se exaurindo.

Presente a antinomia, viver a contradição, embate da razão, aspereza racional, aresta escarpada, sentida e não avaliada na elasticidade de sua conformidade, pois é forma em sentimento, estrutura emocional coesa, visível, imbatível, alicerces vigorosos de universal explicitação, sob olhos medianos inconteste, habitando todos os rincões, na história, nos cemitérios, nas distâncias de imensidões incalculáveis, agora nas vizinhanças do sentimento.

Parece que o ausente próximo que assistiu o menos do muito que vemos, está ou estará presente, nunca nada como agora para aferir.

O quê é isso? Nos resta, aos de sentir, o inescapável amor presente que nunca será ausente, em qualquer escola de crença, arte, verbo, filosofia, ele é soberano no habitáculo sagrado chamado coração, aquele que bombeia sangue, química, oxigênio e vida, que parou no ausente e fica presente no interior de quem ama inesquecivelmente. Estranho... A magia interrogada da vida, inexplicável como surge, e finda, com destino lavrado na fé, na razão abortada pela desrazão, e também na pura rejeição da transformação natural, nos acreditados só na matéria, que recebem, fortemente e também, em antagonismo gritante, esses sinais do sentido, a corroborarem, desmistificando, contrariedades opiniosas, envoltas em halo de percepção de não podermos ser só matéria, que veladamente se confunde na presença/ausência.

Que o diga o testemunho etéreo do ausente que agora com força se apresenta, presente pela saudade distante e próxima, do que vimos ontem nos albores da vida, e tenazmente somos memória, que não é matéria, mas memória que se protagoniza. Mas ressurgirá com todas as cores nas promessas da fé dos planaltos da Paz. A saudade é dominante e soberana, algemando a vontade, só apaga o tempo quando os saudosos passam, também, a serem saudade. Ela irá se dissipar, todos poderão, de novo se abraçarem, se beijarem, se amarem.

O amor é irmão do vento no tempo. Mas a vida, é certo, chega pelo ato do amor.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 01/01/2021
Reeditado em 01/01/2021
Código do texto: T7149277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.