O Futuro da Lembrança
A caminhonete, velha e útil, estava estacionada com um pouco de barro nos quatro pneus. Era de um tom azul claro e por dentro cheirava a cigarro e poeira. Tinha um chapéu na parte de trás que deveria ser tão velho quanto o veículo, além de um facão afiado que serviria (ou já havia servido) para ajudar a fazer uma cerca qualquer na tentativa de conter os gados nos seus respectivos pastos.
A casa, rústica o suficiente, abrigava não somente uma pessoa simples e de hábitos rudes, talvez até demais, mas também um estilo de vida que era raro hoje em dia. Por dentro, numa mesa de madeira com uma toalha branca repousava uma garrafa térmica preta e um copo de vidro com vestígios de café doce no fundo.
O inverno iria chegar, as coisas iriam mudar, é claro, sempre mudam. É natural.
Alguns dizem que a vida é como uma montanha-russa. Pode até ser, dependendo do ponto de vista. Mas toda montanha-russa tem uma fila – um por vez.
Aqui registra-se que a fila está sendo bem aproveitada.