Não podemos nos despedir
Não é natural aceitarmos o fim. Seja de um relacionamento, de uma amizade, da própria vida. Somos demais apegados aos detalhes.
Certa vez eu estava em casa e deu uma vontade súbita de comer um bolo de chocolate. Era domingo, tudo estava fechado e eu não conseguia pensar em outra coisa. Aquele sabor me acompanhava desde a infância. Principalmente quando eu ia tomar sorvete. O meu sabor mais atraente era chocolate com morango. Meus amigos misturavam outros gostos: baunilha, hortelã. Mas eu não. Eu era fiel ao meu morango com chocolate. São dessas coisas na vida que a gente repete na memória afetiva da infância.
Outra delícia que sempre gostei foi aquele "ninho" que é feito nos terminais de ônibus. A gente pede a moça, ela adiciona o sorvete, depois coloca leite ninho e mexe num batedor. Ele sai bem gelado, gosto especial.
Sou assim com as amizades verdadeiras, não consigo larga um amigo fiel. Tenho uns dois que estão na minha existência, desde a infância, adolescência. É difícil ter alguém que você conte sua história e essa pessoa não vá zombar, dos seus sonhos, erros.
Hoje em dia as pessoas julgam amizade entre dois homens, já dizem logo que tem algo além do simples desejo de está perto e conversar. Ou mesmo amizade entre homem e mulher. As pessoas mais próximas, até familiares querem logo que você "pegue" a pessoa. Não entendem na mente vazia deles que pode haver amor sem sexo e sem beijo entre duas pessoas do mesmo sexo ou sexo diferente.