Esperança!

Dia triste. Esperançoso, mas triste. O futebol, mais uma vez, nos leva a entendê-lo como reflexo da sociedade. E como eu gostaria de estar falando de memórias criadas a partir de fatos históricos, iguais às perguntas clássicas, quase que verificadoras de memórias, que fazemos quando é presenciado algo histórico. Onde você estava quando o Brasil perdeu para a Alemanha? Onde você estava quando o Corinthians ganhou para o Boca Juniors? Onde você estava quando o Sport venceu o Corinthians na Copa do Brasil?

As perguntas são imensas, afinal as memórias são imensas... Infelizmente algumas perguntas não nos levam a respostas boas, infelizmente nos perguntarão onde nós estávamos quando o 4º árbitro insultou, de maneira racista, um negro em campo. Vergonha. Nojo. Descrédito na humanidade. Onde iremos chegar? Shopping, Mercado, Faculdade, Escola, Trabalho, Campo, Vida. Está em toda parte.

É visível, tem forma e cheira mal. O racismo mais uma vez, às nossas vistas, escancara o passado cruel vivenciado pelos negros. No lixão nasce flor. Diz a música que retrata um pouco da vida negra no Brasil. E nasceu. Assim como o racismo foi escancarado, a resistência também foi organizada, pensada, lidera por um negro. Encontrou apoio em dois negros do outro time. A HUMANIDADE, sim, em letras maiúsculas, se uniu. O sensato foi feito. Não há condições de continuar a prática esportiva, esta que nos ensina tanto sobre ética, humanidade, respeito, igualdade, quando a desumanidade é praticada. O racismo perdeu, mas está longe de ser derrotado.

Que Raul me permita a audácia, mas hoje, dia 08 de dezembro, foi O Dia Em Que O Jogo Parou. Por ironia do destino, após quarenta anos da morte de John Lennon, podemos imaginar, quem sabe, um mundo com menos racismo e mais humanidade, amor, afinal, All you need is love (Tudo o que nós precisamos é de amor). Que a resistência seja praticada. Que o discurso seja um alicerce teórico para a prática, não uma cortina a qual nos escondemos para fugir da realidade...