O QUE O REI TEM NA CABEÇA
Ao monarca tudo cabe. Tudo é prometido, tudo é devido.
Os monarcas não se limitam somente a desenvolver a tirania. Desde tempos remotos o rei é tachado de monstro, destruidor e semideus. Detentor das aspirações advindas do céu, o rei tem o poder de canonizar e de demonizar. Aos súditos ele determina todos os destinos.
Compete a ele zelar pelos diversos setores do império. Saciar a fome e a sede da populus. Impedir que ela siga por descaminhos e defender contra nações inimigas. Ao rei compete também orientar os pensamentos etc.
Na cabeça o rei não ostenta apenas a coroa. Com suas inquietações, com seus mais diversos misteres, a paz de espírito pode lhe ser cara e rara.
A economia , as pestes, os sintomas e os pensamentos totalitaristas, os quais perturbam os súditos, rebuliçam em torvelinho na cabeça do rei.
Entre ser guilhotinado e ser elevado ao andor, o rei oscila e prefere se dispersar em meio aos súditos, girando em redor do templo, a ser confundido com eles para se redimir.
E ele se converte num refém de todos, como a peste se torna a algoz, para em seguida ser subjugado e condenado pelos males do mundo.
O rei não é nem a peste, nem será a cura. Nem o pecado nem o perdão. Os súditos, ainda não vacinados contra o vírus do ódio e da estupidez seguem condenando suas atitudes.
E, quem sabe, algum dia seja guilhotinado ou levado ao altar.