OS DICIONÁRIOS DA VIDA
ENTRE OS DICIONÁRIOS DA VIDA
Marília L. Paixão
O dicionário em que me abro não esclarece bem de onde que vem as palavras que me convém. O jeito é buscar um novo. Na livraria Saraiva tem e em outras também. Mas são tantos... Grandes e pequenos, pesados, bem recheados, será que com figurinhas? Será que com letras grandes daquelas que é fácil de ler depois dos quarenta? Também é querer muito. Talvez eles pensem que depois desta idade já sabemos quase tudo que queremos saber e ao dicionário pouco vamos recorrer. Utopia de pensamentos da barriga. Vivemos para aprender. Quem não aprende dia após dia, morre de preguiça e em conseqüência, morre por pouco viver. Então vamos lá buscar um dicionário novo nem que seja pensando em deixar no quarto do filho. Mas qual deles levar? O novo, enorme, pesado, com mais páginas e o mais caro de todos? Houaiss! O outro com uma diferença de preço muito pequena, que nem faz diferença e que todo mundo já sabe o nome? Aurélio! E tem o dicionário que mais lembra o de inglês, o da capa azul, bem prático, mais barato e que também tem tudo o que o filho ali procuraria e muito mais. Michaelis! Talvez ele nem vá olhar para ele já que vive na internet e lá tem dicionário de todas as línguas. Melhor pensar menos ou não levará para casa dicionário nenhum. Irá continuar olhando aquele mini que vive mudando de lugar na casa? Mas não saiu de casa determinada a comprar um bem decente para a nova estante? Então precisa saber os detalhes. Escreveram assim no jornal: Quer levar quase uma enciclopédia para casa? Leva um Houaiss. Quer levar o velho amigo Aurélio, estará levando o básico. Caso queira ir logo ao assunto que interessa, leve um Michaelis. Entendendo a coisa deste modo qual você levaria? Dá vontade de saber mais, não dá? Já que tudo é quase o mesmo preço, mesmo peso, quase mesma quantidade de páginas... Que coisa engraçada! Um guarda roupa de palavras com capas diferentes. Me explica ai este negócio de quase enciclopédia! O que é que tanto tem em um e que falta no outro? E se há tamanha diferença no conteúdo por que não há tamanha diferença no preço? Intrigante. Bom seria ter todos os dicionários em mãos! Mas na livraria eles não tinham nenhum, teria que encomendar. Mas é o seguinte: No Houaiss, fica-se sabendo até a origem da palavra, nível de uso, se formal ou informal, características gramaticais e inclusive data de entrada de palavras novas no idioma. Há até explicações complexas. Dependendo da pessoa não vai nem entender. Por isso que ele é caro! É para aquelas pessoas que já possuem conhecimento farto da língua e estão sempre atrás de mais coisas, minúcias da língua... Uma criança, um adolescente ia preferir um dicionário mais prático, claro. O Aurélio já revisado tem tudo de básico! O Michaelis é o mais simples, mas com detalhes interessantes. Disseram que é um básico temperado e além de tudo é o mais barato! –Tem verbetes, divisão silábica, expressões latinas, regras gramaticais. São ótimos dicionários. Pensa bem! Fala se não dá uma dúvida danada? Dá vontade de perguntar: E a letra, moço? Qual dos três tem a letra maior? – Sinceramente agora a senhora me apertou. Tô aqui consultando os dados no computador. A senhora não acha melhor a senhora vir dar uma olhadinha? - Vou sim! Mas acho que vou querer o que tem tudo moço, afinal, dicionário a gente não compra todo dia. Mas se a letra de um ou outro for maior... Lá vou eu voltar para as minhas dúvidas. Têm coisas que é melhor você ganhar! Neste caso você fica satisfeita com o que ganhou e pronto!
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