O menino do Rio

O Menino do Rio

Então, ali estava ele, em pleno Lago da Carioca .na minha frente,após todos aqueles meses de conversas virtuais no Orkut , o menino do Rio( cuja origem,na verdade, é nordestina, o que, visivelmente, dava para notar por sua fisionomia de trabalhador explorado), um jovem homem de 27 anos,aspirante a estudante de Historia, militante comunista de um movimento de luta, morador de uma comunidade em um dos morros famosos do centro cidade.

Ele já me atraíra por seus pensamentos ideologicos,progressistas,por sua revolta contra a opressão e,naquele momento, senti logo uma atração especial que,eu sabia, dificilmente controlaria ou deixaria passar.

Ele foi logo dizendo:” Desculpa a demora”( sim havia demorado bastante) mas eu logo lhe disse que não tinha problema( e não tinha,mesmo,me sentia com todo o tempo a meu dispor!) .

Ficamos ali, parados, por uns intantes, em uma daquelas esquinas movimentadíssimas, características do RJ ,em que as pessoas esbarram na gente de tantas que são ,indo e vindo, em pleno dia de semana,pela manhã.

Ele então me disse - “ Já me dissestes que não curtes zona sul.Quer conhecer o Alemão?”(Estávamos em 2012 e o complexo famoso já havia sido “ pacificado”. Concordei na hora.

E começou uma jornada que tornaria aquele dia um dos melhores de toda a minha vida.

Fomos caminhando até a Estação da Central do Brasil,pegamos um trem até a estação Mangueira e de lá seguimos de teleferico, passando por varias estações, nos vários morros que compõem o complexo até chegar no ultimo,morro da Brasília, sede da PM da Pacificação( que ,lógico, não era uma paisagem/logradouro interessante).

Vi uma escadaria completamente vertical e quis desce-la e lá fomos nós ,morro abaixo, em um passeio incrivel , por plataformas rusticas e em uma delas um restaurante de pernambucanos.

Haviam policiais e não nos sentimos à vontade.Almoçamos rapidamente.

E acabamos por, novamente, subir até a estação do teleferico.

Eu e o menino do Rio caminhamos pela Avenida imensa que leva da Central até a Lapa/ Santa Tereza,onde eu estava hospedada.Não quisemos pegar transporte. Queriamos conversar.E eu queria muito me sentir desprovida de qualquer lance consumista que pudesse interferir naquele momento.E caminhar nos convidou a falar mais de nós dois. Ele morava com dois irmãos e trabalhava em uma lanchonete em Copacabana. Nesse dia estava de folga do trabalho mas tinha ação de militancia a noite.

Caminhamos até Santa Tereza, na verdade, subimos o morro até a pousada e fomos nos acomodar em um bar próximo.

Parecia mesmo que tudo terminaria ali, já que ele tinha a militancia às 19 horas e era em Duque de Caxias.portanto,bem distante.

Eu, então, lhe perguntei se gostaria de voltar e dormir na pousada.Assim, bem direta.

Ele respondeu que gostaria sim mas poderia não dar tempo pois voltaria muito tarde.

Mas eu lhe disse que não teria problemas, que a senhoria já sabia que poderia ter um outro hospede.( preventivamente,eu havia falado com ela e lhe perguntado sobre isso e ela tinha concordado)

E ele voltou, muitas horas depois.

E tivemos nosso momento. Não estávamos apaixonados, havia uma grande diferença de idade, uma distancia geografica que não permitira que nos encontrarmos tão cedo( assim eu pensava), mas acabamos nos entendendo naqueles breves momentos de intimidade que vivemos naquele quarto da pousada em Santa Tereza.

O Menino do Rio se revelou um amante incrivel.

No dia seguinte,participei de uma reunião da militancia do movimento e nos despedidmos no mesmo Largo da Carioca onde nos encontramos.Eu tomei a condução( lotação) para Santa Tereza e ele para o seu destino.

Mas em Novembro, desse mesmo ano, fiz uma viagem ao RJ para participar de um evento de trabalho. E pudemos nos encontrar novamente, inicialmente em um bar em Vila Isabel e depois um momento intimo em um motel.

O Menino do Rio é inesquecível.Nos falamos eventualmente, nunca perdemos o contato. Mas ele se apaixonou por alguém( o que era de se esperar)e mesmo nas minhas idas posteriores ao Rio não me empenhei em encontrá-lo. Preferi respeitar sua nova situação de comprometido.

Ele fez vestibular para a UERJ, em Historia e está cursando,quase para terminar.

Não creio que iremos nos ver novamente mas os lances bons da Vida ficam para sempre, nunca esquecemos.

É o que a Vida nos oferece e pegamos. Do contrário, nos arrependemos e isso não é nada bom

E guardamos esses momentos para sempre.

NINFEIA G
Enviado por NINFEIA G em 28/12/2020
Reeditado em 28/12/2020
Código do texto: T7145971
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