2020, UM ANO DIFERENTE

2020, UM ANO DIFERENTE

Segundo o conceito popular já alcancei a melhor idade, e porque essa denominação “melhor idade”? Certamente pela experiência de vida adquirida ao longo de seis décadas e meia e uma vasta bagagem cultural; a qual supostamente desencadeia amadurecimento espiritual, aguçada capacidade de discernimento entre o certo e o errado; ou até mesmo a sabedoria para se sair bem dos problemas, e a aptidão para aconselhar aos jovens inexperientes.

Muito embora haja quem atribua a mim alguns desses predicados, não me sinto tão prendada assim, contudo, como aprendiz de escritora, em certas ocasiões ao fluir das emoções, dou asas à imaginação, permitindo vir a tona minhas reflexões sobre a difícil arte de sobreviver em meio as adversidades. Exatamente como me arrisco a fazer agora a respeito do ano de 2020, que já iniciou a contagem regressiva rumo aos seus instantes finais.

Em nosso solo brasileiro, o ano de Dois mil e vinte começou tão bem quanto tantos outros que o antecederam, mesmo sob a ameaça da chegada de um perigoso vírus pairando no ar, o povo se divertiu inteiramente no período carnavalesco, ousando inclusive de forma irreverente a blasfemar contra Jesus, o qual simbolicamente foi arrastado e espezinhado por satanás em desfile de uma renomada escola de samba.

Porém quanto aos acontecimentos que se seguiram, ninguém poderia sequer imaginar que poderia alcançar tamanha proporção, em todos os sentidos, não só a nível nacional, como também mundial, surpreendendo a população que em polvorosa permaneceu reclusa e acuada, muitos ficaram depressivos, e devido a forte pressão chegavam a temer a própria sombra.

E assim o ano foi passando lentamente e a situação de penúria foi cada vez mais se agravando, enquanto a pandemia se instalava trazendo o caos em todo o universo, paralisando comercio, indústria, prestação de serviços, transporte, escolas. Enfim, paralisando toda atividade laborativa pública, privada, e de lazer, proibindo inclusive o movimento de transeuntes na via pública, desencadeando pânico, desespero, escassez e a fome por todo o solo terrestre.

Paralelamente os profissionais da saúde, tiveram que se afastar de seus familiares, trabalhar de forma exaustiva, ininterrupta, e sempre expostos ao perigo, e enquanto se doavam em prol da população, alguns chegaram a perder suas vidas, heroicamente honrando ao juramento profissional firmado por ocasião de suas formaturas.

Nesse ínterim as pessoas infectadas com “Corona vírus”, ou “Covid19” eram afastadas de seus parentes, que além de não poder visita-las só voltavam a vê-las por ocasião da alta hospitalar, haja vista que em caso de óbito não tinham direito sequer de velar o corpo, e até mesmo assistir o sepultamento das mesmas.

Verdadeiramente foi como se um redemoinho houvesse passado sobre a terra dizimando pessoas, o sossego, a paz, a tranquilidade, e a capacidade de cada um prover o próprio sustento, ficando refém dos governantes que lhes fechavam todas as portas, ordenando que amordaçados ficassem trancados em casa, uma situação bastante inusitada, fazendo lembrar aquele famoso adágio popular: “Se correr o bicho pega, se ficar bicho come”.

Entre verdades e fakes o ano foi passando e estamos prestes ao seu fim, porém pouco mudou, e o “bicho” ainda está em ação, com a diferença que muitos dos sobreviventes cansando do “cabresto”, agora negligenciam as medidas de segurança pondo em risco a sua segurança e a dos seus, e o pior é que se sabe que enquanto não houver uma vacina eficaz e que mereça confiança a tendência é piorar.

Efetivamente é difícil encontrar algum grupo social ou familiar em que um ou mais de seus membros não tenha sido infectado ou mesmo perecido, vítima desse vírus letal e abominável. Tenho constantemente presenciado a dor e o desespero de pessoas enlutadas, também perdi vários amigos, inclusive um membro da minha família, vítima das consequências pós-infecção,

Todavia ainda resta a esperança de que ao raiar do novo ano a vitória há de chegar, pois conforme está escrito na Bíblia: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer”, restando então a certeza que somos capaz de sobreviver em meio as turbulências desta vida, e que a solidariedade é bem mais importante que os bens matérias, que só nos rouba a saúde para adquiri-los e a paz para mantê-los. Que 2021 seja um ano benfazejo para todos nós, trazendo muita saúde, paz, amor e prosperidade. Amem.

Mira Maia 27/12/2020