CHOQUE DE REALIDADE

Geralmente nessa época do ano vemos e ouvimos as mensagens com alertas de que o natal se presta para sermos “melhores” e promessas de que no ano que se avizinha, seremos e faremos tudo diferente do que fomos e fizemos até então. Pura balela. Ninguém muda nada, porque não há disposição para tal. Nossa maneira de ser é fruto de construção durante toda a vida.

Ninguém muda de uma hora para outra a não ser que algo, geralmente uma catástrofe, aconteça de forma inusitada e irreversível a curto prazo.

Aquela disposição de servir ao próximo, tal como fogo de palha, se extinguirá sem nem deixar vestígios quando, diante da realidade, nos dermos conta de que a individualidade de cada um deve ser respeitada, mesmo sem concordarmos com ela.

Caridade é dar o que gostaríamos de receber. Dar sem exigir contrapartida é desrespeito, é tutela sobre o desafortunado.

Hoje já não se vê mais isso, mas noutros tempos haviam pedintes de esmolas que, de casa em casa, supriam as necessidades que, por conveniência, preguiça ou real impedimento, não conseguiam por esforço próprio e, quantas e quantas vezes encontramos abandonados pelos jardins ou pontas de calçadas, os pacotes com mantimentos ou roupas que esses mendigos abandonavam porque não era aquilo que eles estavam querendo.

Claro que não é unanimidade, mas pergunte a um morador de rua ou a um drogado se quer sair daquela vida, onde quase tudo lhe chega de mão beijada, sem obrigações, sem leis ou cobranças.

Se ele quer enfrentar as agruras do trabalhador que sai de casa antes do alvorecer, que enfrenta várias conduções coletivas superlotadas para chegar ao local do trabalho e ao final do dia, reinicia a maratona de volta à casa que, muitas vezes está bem longe do conceito de lar.

Pergunte se ele quer ter quase a metade dos seus ganhos sequestrado compulsoriamente pelos impostos e demais obrigações sociais, se quer cumprir horários e desempenhar o seu papel na sociedade que ele rejeitou?

Quantas vezes após as campanhas do agasalho encontramos pelas ruas cobertores e roupas abandonadas por aqueles aquinhoados, abordados que foram pelos novos samaritanos das noites frias portadores de tigelas de sopa e palavras de santa hipocrisia?

Hoje com o estabelecimento do modelo comunista de tutela da sociedade à vontade dos ditadores da “elite governante”, do vitimismo exacerbado, do abandono dos preceitos filosóficos de família, ética e honra e principalmente dos ideais judaico-cristãos que formaram a base da sociedade ocidental, não podemos mais estimular nas crianças o preparo intelectual que formará a base da autodeterminação quando adulto.

O não foi abolido da educação, assim como as obrigações e comportamentos para uma vida saudável em sociedade.

É abominação, nos dias atuais, perguntar-se a uma criança – o que você vai ser quando crescer?

O significado do natal de Jesus, ápice da cristandade, quando, conforme as escrituras, deus se fez homem foi relegado ao esquecimento, assim como os símbolos da importância familiar, (na sagrada família); do abrigo (na manjedoura); do trabalho (no jumento); do alimento (na vaca e ovelhas); da doação (nos presentes dos reis); da mensagem de redenção para todos (nos pastores) e, principalmente, da humildade e de que as grandes obras devem começar pelos gestos mais simples (a criança) que ao fim da missão se revelará deus.

Independentemente de nossa vontade, o passar do tempo mudará tudo o que temos hoje, assim como mudou a vida das gerações pós Idade Média onde não havia instrução para a maioria e as classes sociais estavam estratificadas sem permitir variações ascensionais.

Mesmo com altos e baixos, progressos e retrocessos, as ciências exatas e humanas continuarão mudando o mundo para melhor.

Como sempre ocorreu, os impérios se sucederão e, da maioria, nem haverá registro.

Nesse processo lento, mas constante, espera-se que o ser humano abandone o hábito de dominar seu semelhante trazido das obscuras cavernas para os acarpetados arranha-céus.