O condenado
- Chefe, chegou mais um marmanjo pró corredor.
- Hum...
- O gajo está que se caga pelas pernas abaixo. Quando aqui chegam perdem logo a coragem toda. Cagões!
- Hum...
- Para estrangular duas mulheres e dois putos, para isso teve coragem, o cabrão.
- Quem é o cliente?
- Daniel Vibert, e veio de Scottsboro. Passou lá 20 anos.
- E porque o mandaram para cá?
- Sofre de cancro do pâncreas, acho. Aqui na ficha está posto que a situação dele é crítica. Os gajos da Scottsboro bem que o podiam ter guardado.
- Merda! Vamos ter que chamar o Dr. Stevenson.
John coça a cabeça, franze os olhos, retorce o bigode farfalhudo, sem entender a razão de chamar o médico.
- Ó chefe, e para que vamos chamar o médico?
- O recluso precisa de cuidados especiais. Terá que fazer quimioterapia, com certeza.
John recoça a cabeça, refranze os olhos, e retorce retorce e retorce o bigode farfalhudo.
- Mas...
- O problema é que a injecção letal num canceroso pode provocar penas supérfluas. Vamos ter que o curar primeiro. Bem, curar curar é como quem diz.
- Ah! Mas sempre o vamos injectar? Pensava que...
- Claro que vamos! O único é que teremos que adiar a execução. Só isso. Não vamos deixar que o cancro o mate primeiro, pois não?
- Mas se o gajo já está condenado à morte por natureza! É só deixá-lo morrer na cela e pronto.
- E deixá-lo morrer dessa maneira? Meu Deus! John, como podes ser tão cruel?