Leonardo Boff e o presépio

     No Natal, sempre escrevo alguma coisa sobre São Francisco de Assis. É indizivelmente certo que há uma forte ligação entre a manjedoura e o santo Poverello. 
     Segundo alguns autores, foi Francisco quem, nas adjacências da cidade italiana de Greccio, armou o primeiro presépio do mundo. 
     Este ano, quem vai falar sobre o Pobrezinho de Assis e o presépio é o respeitado teólogo Leonardo Boff, ex-frade franciscano. 
     Trancrevo, aqui, um texto do seu livro "Francisco de Assis - Homem do Paraíso" que escreveu, tendo como parceiro o desenhista e pintor Nelson Porte, tornando sua obra de uma beleza encantadora.
     Sem delongas, aqui o texto: "Francisco tomou o menino de Belém entre os braços como se quisesse despertá-lo - Três anos antes de sua morte, Francisco resolveu celebrar da forma mais concreta  possível, perto de Greccio, o nascimento do Senhor. 
     Dizia: 'Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro'. 
     Francisco mandou, pois, preprar um presépio e trazer muito feno, juntamente com um burrinho e um boi dispondo tudo ordenadamente. Reuniram-se os irmãos chamados dos diversos lugares.
     Acorreu o povo, ressoaram vozes de júbilo por toda parte e a multidão de luzes e archotes resplandecentes junto com os cânticos sonoros que brotavam dos peitos simples e piedosos transformaram aquela noite num dia claro, esplêndido e festivo.
     Francisco lá estava diante do rústico  presépio em extase , banhado de lágrimas e cheio de gozo espiritual. Como era diácono, cantou na missa o evangelho, com uma voz forte, doce, clara e sonora.
     Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento  do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém.      Chamava o Cristo Jesus  de 'menino de Belém'. Pronunciava a palavra Belém como o balido de uma ovelha. Também estalava a língua quando falava 'menino de Belém' ou 'Jesus', saboreando  a doçura dessas palavras. 
     João de Greccio, soldado presente à celebração, teve uma visão admirável. Viu no presépio, reclinado e dormindo, um bebê extremamente lindo, ao qual o bem-aventurado Francisco tomou entre seus braços, como se quisesse  despertá-lo suavemente do sono.      Quando terminou a vigília  solene, todos voltaram para casa". 
     Tudo isso teria ocorrido em 1223. "A ideia se espalhou..." Até o século 18 o presépio só era armado no interior das igrejas. Hoje, não, o presépio é instalado, até em praça pública. É impossível passar por um deles e não se lembrar de Francisco de Assis.


 
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 23/12/2020
Reeditado em 23/12/2020
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