MEDO DO SILÊNCIO

Certa vez ouvi uma história de um homem que tinha ido se consultar com um psicanalista. Cansado da correria do dia a dia perguntou para o doutor o que precisava fazer para acalmar a sua alma: "Vá para sua casa e passe o final de semana absolutamente sozinho, aconselhou o doutor." Moleza, pensou o homem. Foi para a casa e ouviu músicas clássicas, MPB, fez ginástica, assistiu seriados na tv, cozinhou, etc. Ao voltar no consultório disse tudo que havia feito no que o psicanalista disse: "Não, você não ficou sozinho. Quando disse sozinho era absolutamente sozinho, ou seja, sem músicas, seriados, cozinha, ginástica, etc." A exemplo desse homem, a grande maioria de nós também somos assim, isto é, temos medo do silêncio. Vivemos em um mundo de extremo barulho e inquietação. Detestamos o silêncio. Durante a semana a demanda está em trabalhar, ganhar dinheiro, trocar de carro, viajar, comprar, etc. Chegamos em casa e ligamos a tv (eu pelo menos sou assim), mexemos no celular, escrevemos crônicas, contos, poesias, brincamos com o cãozinho, gatinho, papagaio, filhos, etc, porque não suportamos a quietude. Aos finais de semana vamos ao mercado, academia, feira, baladas, barzinhos, missas, cultos, encontros de jovens, adolescentes, chá das irmãs, festa de casamento do primo, amigo, etc, e depois em um quase endeusamento do nosso EU, postamos nas redes sociais a fim de satisfazer nosso ego mimado e carente de likes. Sem falar da última reportagem no fantástico dizendo que o Brasil é um dos países onde as pessoas mais sofrem de crise de ansiedade. Essa correria não poderia ser uma das causas? Enfim, isso revela uma coisa: temos medo da solitude (que não tem absolutamente nada haver com solidão) porque é nela que Deus revela a escuridão do nosso coração!