CONTRADIÇÕES INEXPLICÁVEIS
Acabei criando pra mim algumas dificuldades para escrever.
Restringi alguns assuntos ao me prometer que não escreveria de forma alguma sobre eles, a política principalmente. Gosto sim de política, compreendo a política como sendo uma arte das mais importantes, pois com a diversidade do pensar humano, sem a política não haveria como existir uma sociedade com um mínimo de organização e paz.
O porém é que o pensar humano é criativo e sua criatividade não segue obrigatoriamente a lógica do bem comum. Observando que até mesmo o “bem” pode ser questionado. Não tem um entendimento tão objetivo e seguro que o diferencie do mal em certos contextos.
Consequentemente a atuação política provoca situações de desagrado, de grandes frustrações tal qual a que experimento neste momento, causa dessa minha decisão.
Como nas minhas restrições estão também o futebol e religião, não com tanta veemência, mas estão, fico nos meus causos vividos na infância e juventude. Faço os meus malabarismos para que não se tornem tão repetitivos.
Assim segue essa minha experiência vivida e revivida entre os sete e doze anos.
Quando me lembro dessas coisas tento entender uma contradição. A verdade é que ouvíamos muitos causos de assombrações envolvendo os cemitérios e tínhamos um medo tremendo de passar perto deles à noite, mas durante o dia, como morávamos muito próximo de um cemitério, brincávamos muito lá dentro dele.
Acho que seria interessante se fôssemos alunos de anatomia humana, pois naquele tempo os sepultamentos eram feitos em covas no chão, e certamente não tinham o zelo que atualmente se tem, e acho que por isso, inúmeras foram as vezes que encontramos nas nossas brincadeiras, partes de esqueletos, principalmente crânios, que chamávamos de caveiras, cabelos aos montes, roupas dos defuntos, pedaços dos caixões e não tínhamos medo algum de brincar no meio daquilo tudo. Quando o cemitério estava fechado, pulávamos o muro para brincar lá dentro. Assistir enterros e jogar três punhadinhos de terra sobre o caixão era coisa de quase todos os dias.
A noite nem na rua passávamos.