Retrospectiva 2020
Se tem uma coisa que é muito chata e que se repete todos os finais de ano, é a retrospectiva. Tem também o Especial Roberto Carlos. Essa retrospectiva será do tipo “fique em casa”, ou seja, não acontecerá quase nada.
A melhor coisa a se fazer em dezembro ou janeiro, é rever algum “vidente” de desgraças. Como era a falecida Mãe Dináh, cujo nome virou sinônimo de vidente picareta. Praticamente certas, são as previsões previsíveis: esse ano morrerá um artista, um político.
Vasculhei uns vídeos de 2020, não achei o acontecimento grandioso e óbvio dessa temporada: a covid-19, o coronavírus, a pandemia, a hidroxicloroquina, o “fique em casa”, o “use máscara” e as vacinas (russa, chinesa, inglesa, alemã, americana). Bastava ler qualquer jornal!
Antevisões baseadas em precisas análises técnicas me fazem pensar: porque o vidente não quis ser um cientista político, analista financeiro, técnico de futebol ou jornalista (comentarista)? Certo ano de Copa do Mundo, eu vi a Mãe Dináh “prever” o que o Felipão deveria fazer para a Seleção vencer a partida. Foi um tal de trocar um volante por um armador. Resumo: ela deu uma aula tática digna de Roberto Avallone. Bastava assistir ao Mesa Redonda para arriscar aquele palpite.
Esses candidatos a Nostradamus dizem apenas generalidades. Essas “previsões”, que podem ocorrer com qualquer pessoa, obedecem uma série de acontecimentos: posicionamento de corpos celestes - na data de nascimento ou do fato -, direcionamento da Humanidade e decisões corriqueiras. Se nada acontecer, são os caprichos do Universo. Se alguma previsão se confirmar, deverá render dinheiro e fama, Mãe Dináh que o diga.
Esse ano não passou nenhum cometa apocalíptico, não houve nenhuma desgraça natural, não encontraram nenhum calendário de uma civilização perdida e não estava previsto o final do mundo - de acordo com alguma combinação maldita de números ou uma predição macabra de algum profeta antigo. Entretanto, tivemos algo disruptivo: um trancamento geral.
Em 2020, aconteceu tudo e nada. Sempre, a melhor aposta é dizer, assertivamente, que o mundo não irá acabar; acertando, você poderá jactar-se; errando, não haverá a quem dar satisfação. Tudo pode acontecer. Ou não.