BOM DIA, DOUTORA!
Em tempos de pandemia e isolamento social, muita coisa que ocorre no mundo é pelos canais virtuais. O mundo digital nunca foi tão forte e se consolida, arrastando para dentro quem ainda não tinha mergulhado. A defesa de tese de doutorado da minha irmã, ocorrida nesta manhã, foi um dos exemplos. Costumeiramente ocorrida de modo presencial na academia, desta vez foi virtual.
Eram 7h40 e conectei o celular no link passado pelo Zoom. A apresentação estava marcada para às 8h30 e me assustei quando vi o rosto da minha irmã já defendendo a tese dela. Ora, não estamos em horário de verão -que já não tem mais-, então seria o quê? Meu relógio ficou louco? Conferi o relógio do computador, do celular, de parede... estava correto.
Calma, era só um ensaio, brevemente me tranquilizaram. Muito bem. Dali a pouco começava para valer. Enquanto isso, tudo seguia no mudo para a plateia. O dali a pouco chegou e o celular seguia no mudo. Corri para o computador, que igualmente estava silencioso!
Não me considero um “zero à esquerda” na tecnologia, mas aquele problema “informático” já estava me fazendo questionar quanto à minha competência com os eletrônicos.
A família toda respondia no grupo de WhatsApp que ouvia em claro e bom som, mas aqui em casa seguíamos no “mute”. Mexe aqui, mexe ali, a apresentação já rolava. Então um puxão de orelha no grupo: “ouvimos o choro da bebê na apresentação, desliga o microfone!” Que microfone, se nada aparecia, tampouco se ouvia algo?!? Fato é que, depois de futricar aqui e ali, ligar outro computador, finalmente os problemas foram resolvidos e pudemos assistir tranquilos à apresentação.
Passamos a bola das preocupações para a palestrante, que defendia a sua tese de doutorado. Se a pessoa não nos dá pistas visíveis, não conseguimos saber como está se sentindo internamente, no máximo podemos conjecturar, chutar se está nervosa ou não por algum titubear, um olhar mais apressado ou algo que cremos ser isso ou aquilo. O que pudemos observar dessa apresentação foi uma pessoa dona de si, sabedora do conteúdo a ser exposto e muito competente na sua pesquisa.
Mas uma defesa de tese não é uma live do Instagram, que dura 90 minutos. São cinco horas de defesa, considerações das bancas e respostas da doutoranda. É extenso o negócio. Também, pudera: são quatro anos de estudos e pesquisas, antecedidos por mais dois também de estudos e pesquisas no Mestrado. Não dá para acabar assim, rapidinho, sem uma longa despedida, um longo processo de validação realizado pelos pares.
Durante essas longas, ansiosas e saborosas horas, tomei quase duas térmicas de chimarrão e um tanto de café. Não que isso tenha sido um sacrifício para mim: pelo contrário, é muito prazeroso poder curtir uma pesquisa interessantíssima sobre gênero, saúde, estereótipos e ecofeminismo. São assuntos que fascinantemente se interligam e nos fazem aprender muita coisa. O título: “Análise dos estereótipos de gênero no serviço de saúde hospitalar a partir da teoria ecofeminista”.
Não pudemos comemorar presencialmente essa conquista, porque cada um está na sua cidade; mas o orgulho desconhece distâncias. Durante cinco horas pude ver aquela garota dois anos mais nova que eu dando os passos finais para o doutorado. A menina que cresceu comigo. A adolescente que concluiu o Ensino Médio. A jovem adulta que ingressou e concluiu a graduação numa universidade pública na região do Pampa, a Unipampa; que fez especialização lato sensu pela UFRGS; que ingressou no mestrado em Rio Grande pela FURG; agora estava concluindo o doutorado também pela FURG.
Em ano de tantas adversidades além das já costumeiras impostas pelo dia a dia, vê-la concluindo o doutorado foi de encher os olhos. É de ficar muito feliz. Lembrando que doutor não é pronome de tratamento, mas sim título acadêmico e, portanto, é quem tem doutorado. Dessa forma, poderemos dizer muito em breve, “bom dia, doutora Tatiele!”.
Agora deixo de lado o chimarrão e vamos ao champanhe para brindar com a doutora essa vitória pela telinha do computador.
Em tempos de pandemia e isolamento social, muita coisa que ocorre no mundo é pelos canais virtuais. O mundo digital nunca foi tão forte e se consolida, arrastando para dentro quem ainda não tinha mergulhado. A defesa de tese de doutorado da minha irmã, ocorrida nesta manhã, foi um dos exemplos. Costumeiramente ocorrida de modo presencial na academia, desta vez foi virtual.
Eram 7h40 e conectei o celular no link passado pelo Zoom. A apresentação estava marcada para às 8h30 e me assustei quando vi o rosto da minha irmã já defendendo a tese dela. Ora, não estamos em horário de verão -que já não tem mais-, então seria o quê? Meu relógio ficou louco? Conferi o relógio do computador, do celular, de parede... estava correto.
Calma, era só um ensaio, brevemente me tranquilizaram. Muito bem. Dali a pouco começava para valer. Enquanto isso, tudo seguia no mudo para a plateia. O dali a pouco chegou e o celular seguia no mudo. Corri para o computador, que igualmente estava silencioso!
Não me considero um “zero à esquerda” na tecnologia, mas aquele problema “informático” já estava me fazendo questionar quanto à minha competência com os eletrônicos.
A família toda respondia no grupo de WhatsApp que ouvia em claro e bom som, mas aqui em casa seguíamos no “mute”. Mexe aqui, mexe ali, a apresentação já rolava. Então um puxão de orelha no grupo: “ouvimos o choro da bebê na apresentação, desliga o microfone!” Que microfone, se nada aparecia, tampouco se ouvia algo?!? Fato é que, depois de futricar aqui e ali, ligar outro computador, finalmente os problemas foram resolvidos e pudemos assistir tranquilos à apresentação.
Passamos a bola das preocupações para a palestrante, que defendia a sua tese de doutorado. Se a pessoa não nos dá pistas visíveis, não conseguimos saber como está se sentindo internamente, no máximo podemos conjecturar, chutar se está nervosa ou não por algum titubear, um olhar mais apressado ou algo que cremos ser isso ou aquilo. O que pudemos observar dessa apresentação foi uma pessoa dona de si, sabedora do conteúdo a ser exposto e muito competente na sua pesquisa.
Mas uma defesa de tese não é uma live do Instagram, que dura 90 minutos. São cinco horas de defesa, considerações das bancas e respostas da doutoranda. É extenso o negócio. Também, pudera: são quatro anos de estudos e pesquisas, antecedidos por mais dois também de estudos e pesquisas no Mestrado. Não dá para acabar assim, rapidinho, sem uma longa despedida, um longo processo de validação realizado pelos pares.
Durante essas longas, ansiosas e saborosas horas, tomei quase duas térmicas de chimarrão e um tanto de café. Não que isso tenha sido um sacrifício para mim: pelo contrário, é muito prazeroso poder curtir uma pesquisa interessantíssima sobre gênero, saúde, estereótipos e ecofeminismo. São assuntos que fascinantemente se interligam e nos fazem aprender muita coisa. O título: “Análise dos estereótipos de gênero no serviço de saúde hospitalar a partir da teoria ecofeminista”.
Não pudemos comemorar presencialmente essa conquista, porque cada um está na sua cidade; mas o orgulho desconhece distâncias. Durante cinco horas pude ver aquela garota dois anos mais nova que eu dando os passos finais para o doutorado. A menina que cresceu comigo. A adolescente que concluiu o Ensino Médio. A jovem adulta que ingressou e concluiu a graduação numa universidade pública na região do Pampa, a Unipampa; que fez especialização lato sensu pela UFRGS; que ingressou no mestrado em Rio Grande pela FURG; agora estava concluindo o doutorado também pela FURG.
Em ano de tantas adversidades além das já costumeiras impostas pelo dia a dia, vê-la concluindo o doutorado foi de encher os olhos. É de ficar muito feliz. Lembrando que doutor não é pronome de tratamento, mas sim título acadêmico e, portanto, é quem tem doutorado. Dessa forma, poderemos dizer muito em breve, “bom dia, doutora Tatiele!”.
Agora deixo de lado o chimarrão e vamos ao champanhe para brindar com a doutora essa vitória pela telinha do computador.