Vó Carlotinha
Eu não fui criado pela minha avó, mas havia uma interação, incomum, entre nós, como eu adorava minha vó, a velha vó Carlotinha.
Ela era brava, mas era justa, ela era dura, mas era doce, ela foi o mais delicioso contraste de essências que eu jamais conheci, só ela era a vó Carlotinha.
Ela obrigava que todos os netos tomassem Óleo de Fígado de Bacalhau, e nós tomávamos, ela fazia o melhor sequilho que eu já provei no mundo, e nós comíamos.
Ela era terna e rígida... meu Deus, como ela ia de um polo ao outro sem perder o carisma, eu adorava minha vó. Ah.... ela era sábia:
- para o fígado ela receitava jurubeba;
- para os rins, quebra-pedra
- para pancadas, arnica
- para hematomas emplastro poroso Sabiá
Ela era um boticário, panaceia, tinha soluções para todos os males, mesmo para aqueles que viessem para o bem, só fazia uma ressalva:
-Meu filho, nunca tome cloroquina, faz “mijo” na cabeça
Uma saudade imensa de você, vó Carlotinha