Menino Antigo...
Esse é o título de um livro do Drumond.
Estávamos em 1979 e eu frequentava a 8a. série no Colégio Marista. Urgiu ao bom Deus me encarnar em uma família com recursos financeiros suficientes para que pudesse estudar em uma escola acima da média. E foi o que eu fiz. Ficava sem entender a postura de colegas muito mais abonados e que desprezavam a oportunidade. Talvez, confiantes nas fortunas das famílias, achavam que não precisavam por esforço na busca desse elemento que dura até depois da morte: o conhecimento.
Não me enfileirei aos desperdiçadores de oportunidade e corri pela busca do saber. Que, ademais, muito me contentava.
Queria saber, conhecer, saber a natureza profunda das coisas.
Quem se move por essa bússola, nunca se cansa ou estaciona. Ainda hoje me sinto um menino buscando o saber elevado e profundo de todas as coisas. Certo que nesse labor desprezei coisas outras, como a vida social, mas vi que era sociável entre os meus iguais e me pus nisso a ficar focado.
Então, quando a professora de português exigiu a leitura de um livro do poeta fui à livraria - um mundo de encantos.
Lá vi esse título: MENINO ANTIGO.
Como folhear as obras era proibido, li os demais títulos. Havia um pequeno, uma antologia de capa e folhas baratas que a maioria dos colegas acabou comprando - uma economia intelectual.
Não me desmotivei. Acabou que a professora nos dividiu em grupos, segundo a obra que havíamos escolhido e fiquei confortavelmente sozinho no meu grupo de um!
Foi a glória. Deveria apresentar um poema para a turma recitando-o. Li com interesse a obra e fiquei em êxtase com cada verso.
Ao fim, escolhi um poema divertido: DOIDO!
E interpretei com uma maestria que tirou aplausos da turma e um dez da professora.
Fui MENINO ANTIGO à minha moda e hoje sou um ADULTO MENINO. Que nunca percamos o prazer do encanto e a alegria da descoberta!