Dia de Feira

A vontade era de permanecer mais tempo na cama. O melhor sono sempre é pela manhã, perto da hora de iniciar as atividades diárias.

— Levanta, menino, já estamos atrasados para a feira!

Com os olhos ainda fechados, eu levantava e ia tomar café. Todos os sábados essa rotina se repetia: minha irmã ficava limpando a casa e eu ia para a feira, ajudar minha mãe com as sacolas. Andávamos no meio das pessoas, disputando lugar, em busca da melhor promoção. A fruta que para mim estava boa, não servia para mamãe... E tome sacolas nas mãos! Depois de uma hora na feira, os braços já estavam exaustos, enquanto as pernas clamavam por um descanso.

— Vamos comer um pastel e ir embora. Está tudo muito caro!

Eu não tinha nenhuma noção do que significava “estar tudo muito caro”. O importante era o que estava por vir. No meu pensamento, o melhor momento de ir à feira, era quando chegava perto da barraca de pastel. O cheiro servia de suporte para aguentar aquela tarefa, de certo modo, chata. Quantas vezes implorei para comer um segundo pastel, mas o dinheiro era curto e ainda tinha uma concorrência:

— Esqueceu da sua irmã?!

O jeito era pegar as sacolas e ignorar o cheiro do pastel, que era para minha irmã, durante todo o trajeto de volta para casa.

Tempos bons. Eu nem sabia, mas tinha paciência de procurar sempre a melhor opção. Hoje nem o cheiro do pastel me anima mais para ir à feira. Sem contar no preço, hoje sim “está tudo muito caro!”

Vander Christian
Enviado por Vander Christian em 20/12/2020
Código do texto: T7140309
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.