O Golpe do Gato
Gato Branco: Cara, lembra quando eu falei sobre a encheção de saco do pessoal que mora lá em casa?
Gato Laranja: Aquilo de ficar dizendo que você tá vendo espíritos, essas coisas?
Gato Branco: É! Então, arrumei um jeito de usar essa besteira pra ganhar mais petiscos.
Gato Laranja: Usar os espíritos? Cara, não me parece uma boa ideia...
Gato Branco: Não, burro! Nem existe isso aí!
Gato Laranja: Tô falando sério, não mexe com essas coisas não...
Gato Branco: Chega! Eu não tô falando de espíritos!
Gato Laranja: Está sim!
Gato Branco: Sim, estou, mas não é sobre isso...
Gato Laranja: Tô avisando, não é muito bom não...
Gato Branco: Eu ia te ensinar a técnica, mas tô me irritando.
Gato Laranja: Eu gosto de petiscos, mas não ao ponto de apelar pra espíritos.
Gato Branco: Se você disser que eu estou falando de espíritos mais uma vez, vou te bater.
Gato Laranja: Então desembucha logo, ué!
Gato Branco: Na verdade o esquema é bem simples. Basta você ficar olhando pra parede, espelho, teto, qualquer lugar e, de vez em quando, eriçar os pelos e dar uns sibilos. Depois é só deitar perto de quem viu esse teatrinho, começar se tremer, miar e pronto!
Gato Laranja: E isso sempre funciona?
Gato Branco: Sempre! Quase todo mundo entendeu que eu só “me acalmo” com petisco; a Márcia, o Paulo e a Karina filha deles.
Gato Laranja: E quem não entendeu ainda?
Gato Branco: Ah, só o velho esquisito que tá morando lá agora.
Gato Laranja: Esquisito? Por quê?
Gato Branco: Porque ele nunca fala com o pessoal da casa. Parece até que ninguém vê o coitado ali.